Sem alarde, o Governo de Pernambuco, como acionista controlador da Copergás, convocou uma assembleia geral extraordinária de acionistas da estatal, para aprovar um acordo expressivo com a gigante multinacional japonesa Mitsui, que também é acionista minoritária da Copergás.
O acordo vem mesmo faltando dois meses para encerrar o mandato do governador Paulo Câmara (PSB).
Por ser estatal estadual, é prerrogativa do governador de Pernambuco indicar a diretoria da Copergás.
A convocação da assembleia de acionistas foi assinada nesta terça-feira (10), sem alarde, pelo ex-senador da República José Jorge, que é presidente do conselho de administração da estatal, indicado pelo governador Paulo Câmara para a função.
Na convocação da assembleia de acionistas, a parceria é chamada modestamente apenas de “MEMORANDO DE ENTENDIMENTOS a ser firmado entre a MITSUI GÁS E ENERGIA DO BRASIL LTDA. e a COMPANHIA PERNAMBUCANA DE GÁS – COPERGÁS, para explorar potenciais novos negócios relativos ao mercado de gás no Estado de Pernambuco em aplicações como biogás, biometano, hidrogênio verde, estocagem de gás e gás natural liquefeito, dentre outros negócios relacionados ao mercado de gás”.
No entanto, o Blog teve acesso, com exclusividade e sob sigilo de fonte, a documentos sobre a nova parceria a ser celebrada entre a Copergás e a Mitsui, que pode alcançar valores bilionários em sua execução.
A gestão Paulo Câmara tem tratado da tramitação do acordo como sigilosa. “O instrumento busca a obrigação de sigilo e confidencialidade para todas as informações técnicas, económicas, financeiras. jurídicas, contábeis e comerciais das empresas e do objetivo apresentadas pelas partes por escrito ou verbalmente, detalhando as regras de compartilhamento das informações. sem ónus financeiro algum”, diz trecho do parecer jurídico 254/2022 da Copergás, assinado em 13 de setembro.
O objetivo do acordo é a atuação em aplicações como biogás, biometano, hidrogênio verde, estocagem de gás e gás natural liquefeito, entre as duas empresas, mas não apenas nestas áreas. “O escopo do trabalho a ser desenvolvido incluirá, mas não se limitará ao seguinte: i) Potenciais projetos relacionados à produção de biogás e bíometano, a partir dos resíduos de cana de açúcar da usina Companhia Alcoolquímica Nacional, do Grupo JB, localizada em Vitória de Santo Antão, PEI e. i) Potenciais projetos relacionados ao hidrogênio, gás natural liquefeito e estocagem de no Estado de Pernambuco”, diz documento de 13 de setembro, sobre o acordo sigiloso.
Um dos projetos é que as empresas poderão explorar os resíduos de cana de açucar para gerar biogás e biometano.
O projeto deve começar pela Companhia Alcoolquímica Nacional, do Grupo JB, localizada em Vitória de Santo Antão.
Os acionistas da Copergás se reunirão em 18 de outubro, para aprovar o acordo.
A proposta deve ser aprovada, pois o Governo de Pernambuco e a própria Mitsui são acionistas da estatal, com ampla maioria das ações.
O acordo terá prazo de validade de três anos, segundo os documentos sigilosos, portanto, entrarão no mandato da próxima governadora de Pernambuco, a quem cabe indicar a diretoria da estatal.
Vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, a Copergás é uma empresa de economia mista com capital fechado.
Tem como sócios o Estado de Pernambuco, que possui 51% de suas ações ordinárias; a Commit Gás, detentora de 24,5% das ações, e a Mitsui Gás e Energia do Brasil, também com 24,5% das ações.
O Mitsui Group é um dos maiores conglomerados do Japão.
Seus produtos são alimentos e bebidas, produtos industriais, etc.
Atuam também na área de serviços como por exemplo serviços financeiros, imobiliário, varejo, expedição, logística, etc.
Veja nota da Copergás “… não existe “acordo sigiloso bilionário” entre a Copergás e a Mitsui Gás e Energia do Brasil.
O memorando de entendimento, ao qual é feito referência, se trata de mero procedimento administrativo, como já celebrado com outras empresas, para o desenvolvimento de estudos, por se tratar a Mitsui de uma parte relacionada dentro da composição acionária da Companhia.
Também não existe nenhuma cifra envolvida”. “Com relação ao termo “acordo sigiloso”, se trata de instrumento normalmente utilizado como prática de governança corporativa para o desenvolvimento de projetos futuros - independentemente de eventuais mudanças na titularidade dos acionistas”.