Luciano Freitas Filho, doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, além de professor do Instituto Federal da Bahia/IFBA, na condição de ex-dirigente nacional do PSB, nos envia um compilado comentando os resultados do primeiro turno das eleições em Pernambuco.
Por Luciano Freitas Filho, em artigo enviado ao blog 100% das urnas apuradas em Pernambuco e o resultado saiu como esperado: o fim do ciclo de poder do PSB no comando do governo do estado.
Quem atribui essa derrota ao bolsonarismo ou a Marília Arraes ter saído candidata ou à comoção pela morte do esposo de Raquel Lyra/PSDB precisa aprender a fazer análises políticas sem se deixar mover pelos buchichos de corredor ou comentários calorosos de internet.
Primeiramente, Raquel Lyra do PSDB já despontava nas pesquisas como um possível nome para ir ao 2º turno com Marilia Arraes do Solidariedade, sendo ameaçada apenas por Anderson Ferreira/PL ou Miguel Coelho/União Brasil e não por Danilo Cabral/PSB.
Soma-se aí, a boa avaliação que a candidata e sua vice, Priscila Krause, têm localmente.
Saliento, igualmente, o fato de que no sábado, desde a saída da pesquisa IPEC, começou um movimento de voto útil por Raquel Lyra para evitar a ida de bolsonaristas como Miguel Coelho e Anderson Ferreira para o 2º turno – eu fiz essa campanha, por exemplo.
Segundo, o bolsonarismo não venceu no 1º turno em PE.
Basta somarmos os votos dados ao Anderson Ferreira e os votos dados aos candidatos do Lula (Marília Arraes e Danilo Cabral)- os votos de Teresa Leitão para senado é um exemplo disso .
Terceiro, Marília Arraes não é responsável pela derrota do PSB.
O PSB terminou em 4º lugar, quase chegando ao 5º, após Miguel Coelho.
A diferença entre os 2 foi apenas de mil e poucos votos.
O algoz do PSB em Pernambuco foi o próprio PSB.
Não somente pela alta rejeição do governador Paulo Câmara – segundo pesquisas recentes, pouco mais de 52% de rejeição- e a gestão desastrosa e alvo de investigação da polícia federal do ex-prefeito do Recife, Geraldo Júlio.
Foi derrotado, principalmente, por conta de práticas políticas questionáveis, de uma gestão deficitária, negligente na Segurança Pública, no mapa da empregabilidade, na saúde pernambucana – basta vermos os descasos com o Hospital da Restauração, com os enfermeiros, que foram recebidos com violência em protesto ocorrido no passado.
Basta que analisemos a truculência dos policiais com os movimentos sociais organizados, como por exemplo no episódio de spray de pimenta nos olhos da vereadora do Recife, professora Liana Cirne/PT.
Poderia discorrer por várias laudas os feitos – ou melhor, os maus feitos do partido em Pernambuco-.
Contudo, foquemos no que houve de bom.
A educação, onde atuei, tem frutos que merecem destaque, aplausos.
Pensemos em o que poderá ser feito a partir do que não foi feito e ter desdobramentos para melhorar o nosso estado.
Pensemos, enquanto progressistas, na eleição do Lula enquanto presidente (como bem frisou o candidato Danilo Cabral).
Falando em Danilo Cabral, destaco que lamento bastante o fato dessa derrocada do PSB vir em uma disputa com ele na majoritária.
Como ex-dirigente nacional do PSB, afirmo que Danilo é um parlamentar exemplar, com feitos que merecem destaque desde quando foi Secretário de Educação de Pernambuco.
Esse é um quadro do PSB local que milita no/pelo partido desde antes de Eduardo se tornar governador.
Um quadro orgânico que merece respeito.
Tendo dito isso, foquemos no que temos posto à mesa do 2º turno em Pernambuco: duas mulheres na disputa histórica pelo comando do Palácio do Campo das Princesas.
Pela primeira vez, no estado, a eleger a 1ª mulher governadora.
Só falta sabermos qual das duas será a 1ª.
Qual será o futuro do PSB em Pernambuco, sobretudo nas disputas eleitorais para prefeituras em Recife e nas cidades da Região Metropolitana e no interior do estado?
Como ficará a força do partido local, no Diretório Nacional do PSB?
Conseguirão manter a hegemonia que sempre tiveram?
Qual será o futuro do PCdoB em Pernambuco e no Brasil, já que o partido mingua a cada eleição e fica à sombra do PSB ?
Como ficará a bancada do PSB com uma perda de 10 deputados no computo geral, comparado com o quantitativo de deputados atual, de 24 passam a ter 14, em janeiro de 2023?
Cenas para os próximos capítulos… “Este é o esforço único que vamos fazer… eleger Lula”, diz Danilo Cabral