Por Breno Rios, em artigo enviado ao blog Os arranjos do calendário de (des)entendimentos entre o PT e o PSB parecem não ter fim.
A cada semana surge um prazo; a cada prazo, um novo desacerto; sobre cada desacerto, versões desencontradas; para cada desencontro, novo prazo.
EXCLUSIVO: PT e PSB estabelecem prazo para definição da chapa em Pernambuco EXCLUSIVO: PT Nacional exigiu nome de Teresa Leitão como opção ao PSB e quer definição até segunda Com base no que informam blogs e jornais, deve ser anotada nova data: 25 de abril, segunda-feira próxima.
Se as condições ditas normais de temperatura e pressão forem mantidas, a fumaça branca no céu que cobre o Palácio do Campo das Princesas anunciará o nome do PT para disputar o Senado pela Frente Popular.
Alguém poderá lembrar que era 7 de maio, dia em que a chapa Lula-Alckmin será festivamente anunciada em São Paulo, o prazo final para petistas e socialistas pernambucanos se resolverem.
Sim, era - até três horas antes da nova data, 25 de abril.
Prazos sucessivamente prorrogados revelam o nó que impede o laço entre PT e PSB.
O ex-presidente Lula não poderia ter sido mais explícito ao dizer, publicamente, que seu partido sentia-se no direito de preencher a vaga para o Senado depois de ter retirado o nome do senador Humberto Costa da disputa ao Governo do Estado.
O PSB local assinou embaixo das palavras do ex e, ao que indicam hoje as pesquisas, futuro presidente, mas não passou disso.
O fato é que os socialistas nunca esconderam a preferência pelo deputado André de Paula, do PSD, como candidato a senador pela Frente Popular, confiantes de que a vaga de vice consolaria o PT.
As labaredas das disputas internas na Frente, que já tinham se tornado públicas, começaram a crescer.
O PCdoB jogou gasolina na fogueira ao realizar comício em local fechado para promover a candidatura da vice-governadora Luciana Santos ao Senado.
Ficou difícil entender os comunistas, velhos integrantes da Frente, e restou do episódio o surgimento de uma Marília Arraes da esquerda.
Os argumentos basilares do PSB para justificar a preferência pelo PT na vice são dois.
O primeiro: André de Paula para a chamada Câmara Alta ampliaria politicamente o palanque, trazendo votos do centro-direita.
O segundo: os petistas não teriam nenhuma dificuldade em indicar alguém com todos os atributos indispensáveis para exercer o cargo de vice.
O primeiro argumento esbarra na história.
Como André já faz parte da Frente Popular, nada ampliaria.
O segundo soa patético.
O PT pernambucano só tem quadros com perfil para a vice?
Ou não merece o Senado?
A vice torna-se importante apenas se for destinada aos petistas?
André como vice seria um demérito para o PSD?
Apesar do incontestável histórico de êxitos eleitorais, o PSB parece subestimar o fato de que é Lula o puxador de votos para a chapa pernambucana. É o pré-candidato Danilo Cabral que vai se beneficiar do patrimônio do ex nas urnas.
A candidatura do PT ao Senado expressaria muito melhor tal identidade com Lula do que a candidatura de André.
Por que então restaria ao PT apenas a vice, PSB? É delicado o momento que vive a aliança governista.
Se os dois principais partidos não se entenderem sobre o Senado, a unidade da Frente Popular estará comprometida, e a oposição terá motivos para comemorar.
Breno Rios é um pseudônimo