Por Breno Rios, em artigo enviado ao blog Em política, a resposta a essa pergunta sempre ajuda a indicar tendências e desvelar rumos.
Por exemplo: a quem interessa a pré-candidatura de Luciana Santos a senadora na chapa da Frente Popular?
Vice-governadora e presidente nacional do Partido Comunista do Brasil (PC do B), ela tem um peso político diferenciado.
Representa o PC do B em uma antiga e vitoriosa aliança com o PT, no plano nacional, e com o PSB, em Pernambuco.
A pré-candidatura da vice-governadora do Senado fortalece ou enfraquece essa aliança, denominada Frente Popular?
Não há respostas.
Até agora, o que de fato existe é mais tumulto no campo minado em que se transformou a escolha do nome para disputar o Senado, ao lado do candidato do PSB ao Governo, Danilo Cabral.
Nele se digladiam tendências do PT (alcançando até a direção nacional do partido), petistas e antipetistas do PSB e os chamados cientistas políticos, todos paralisados por um impasse que parece insuperável.
A candidatura de Luciana Santos é uma saída para o impasse?
Há pouco tempo para se tentar um consenso, que pode repercutir na campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde 1989, com Lula e Dilma Rousseff, a Frente Popular nunca perdeu uma campanha presidencial em Pernambuco.
Segundo as pesquisas, o estado garantirá ao ex-presidente, mais uma vez, uma expressiva votação em outubro.
Mas é preciso entendimento na Frente Popular.
A pré-candidatura de Luciana Santos contribui para o entendimento?
Por acordo entre o PSB, o PT e o PC do B, com o endosso dos demais partidos da Frente Popular, a vaga para o Senado na chapa está reservada para o PT.
No entanto, há mais de dois meses os petistas se desgastam em conflitos internos e públicos.
A direção nacional ameaça intervir e o nome não sai.
De repente, no meio da insanidade política e eleitoral, assoma Luciana Santos.
A quem interessa?
Talvez, para simplificar o raciocínio, seja melhor de início perguntar: a quem não interessa?
A resposta: à Frente Popular, ao PT e ao PSB, ao governador Paulo Câmara, ao candidato Danilo Cabral.
Não interessa também às articulações nacionais em torno de Lula, dado que Luciana Santos é presidente nacional do PC do B.
Conhecida a primeira resposta, fica mais fácil a segunda: a pré-candidatura da vice-governadora interessa ao PC do B e à oposição às candidaturas de Danilo Cabral e Lula.
Ou seja: também interessa a Jair Bolsonaro.
Por que agiria assim Luciana Santos, respeitada veterana de embates políticos, sempre ao lado da esquerda?
Alguns sugerem que sua iniciativa é uma manobra, urdida em sigilo, para acelerar a decisão do PT sobre o Senado.
Outros, que o PC do B teria o direito de se colocar como alternativa, diante da incompetência dos petistas em alcançar algum consenso.
Por fim, existe a maioria que não sabe explicar as motivações da vice-governadora e do seu partido.
Como em política se recomenda sempre ouvir a voz da maioria, a pergunta permanece: a quem interessa a pré-candidatura da vice-governadora a senadora na chapa da Frente Popular de Pernambuco?
Não vale dizer que ela pretende se tornar a Marília Arraes da esquerda.