A audiência pública realizada pela Casa de José Mariano sobre o projeto do sistema viário da Ponte Monteiro-Iputinga, obra que se arrasta há uma década, acabou sem respostas da Prefeitura do Recife.
A discussão foi solicitada pelo vereador Alcides Cardoso (PSDB) para que fosse apresentado o projeto viário e após a prefeitura ter admitido, em setembro do ano passado, que havia retomado a obra da ponte sem a sua conclusão.
Na audiência, o secretário-executivo de Infraestrutura do Recife, Daniel Saboya, admitiu que o projeto ainda não está pronto e que ainda será feito um aditivo ao contrato. “O que a prefeitura apresentou na nossa audiência foi o projeto urbanístico que desconsidera totalmente os moradores da Comunidade Vila Esperança/Cabocó.
O que nos envergonha.
E para piorar, nada de projeto viário foi mostrado apesar de o seu termo final de execução ter sido marcado para o último dia 30 de março.
E já foram feitos cinco aditivos e todos eles se referiam a adiamentos no prazo de execução dos serviços.
São quase dois anos de atraso.
Se não bastasse isso, a prefeitura vai fazer um novo aditivo e o prazo foi jogado para o dia 15 de maio”, disse Alcides Cardoso.
O tucano informou que o valor do contrato do projeto viário da ponte feito com a Colmeia Arquitetura e Engenharia Ltda é de R$ 325,6 mil, dos quais 95% já foram liquidados ou R$ 309,3 mil.
E o prazo contratual, de seis meses, era maio de 2020.
Como alguns dos encaminhamentos da audiência, o parlamentar solicitou o envio do projeto e a informação de quantos imóveis serão removidos total ou parcialmente dos moradores da comunidade, alguns deles estiveram presentes na discussão, para a implantação do sistema viário.
O oposicionista também apontou na discussão a lentidão na execução da obra da ponte.
O contrato com a Construtora A Gaspar SA tem o valor de R$ 27,5 milhões e o prazo é de dois anos, com conclusão em setembro de 2023. “Já foram liquidados R$ 3,38 milhões do valor do contrato da obra da ponte e o que se verifica é que os serviços estão mais lentos do que o planejado no cronograma.
Como encaminhamento da audiência, eu pedi explicações à prefeitura sobre as razões dessa lentidão de uma obra importante para o trânsito de nossa cidade, que é o pior do Brasil e um dos 15 piores do mundo segundo o ranking da plataforma Tom Tom em 2021”, disse o vereador.
Obra iniciada na gestão de João da Costa Orçada inicialmente em R$ 43 milhões, a obra da Ponte Monteiro-Iputinga, rebatizada de Ponte Jaime Gusmão, começou na gestão do ex-prefeito João da Costa (PT), em maio de 2012, e foi paralisada em 2014, já na gestão do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB), Em 2016, o Ministério Público Federal (MPF) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) apontaram um descompasso entre o dinheiro gasto e as ações realizadas no canteiro quando a obra tinha somente 35,57% de execução.
Dois anos depois, uma auditoria especial do TCE identificou um prejuízo de R$ 10,4 milhões aos cofres públicos.
Em 2020, a deputada estadual Priscila Krause (Cidadania) apresentou um pedido ao TCE para barrar a licitação da obra da ponte no valor de R$ 27 milhões porque o termo de referência foi elaborado sem estudos de viabilidade e impacto.
A mesma Corte cobrou a conclusão do projeto.