O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retorna nesta sexta-feira, 18, a cidade de Curitiba pela primeira vez desde que deixou a prisão, onde esteve 580 dias em uma sala especial da Superintendência da Polícia Federal, na esteira da Lava Jato.

Na véspera da visita, o ex-juiz Sérgio Moro, hoje candidato pelo Podemos, fez uma provocação ao ex-presidente.

Lula vai a Curitiba participar de evento de filiação do ex-senador Roberto Requião, que será candidato ao governo do Paraná.

Lula quer aproveitar para reforçar seu confronto com a operação.

Ele dirá, em discurso, que não tem nada contra a cidade, mas sim contra a condução da Lava Jato.

No dia seguinte, o ex-presidente seguirá para um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) em Londrina, onde vai homenagear integrantes da vigília que acampou ao lado da PF, e que gritavam “bom dia” e “boa noite” para que o petista ouvisse de dentro da sala especial onde ficou preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro - condenação em segunda instância que posteriormente foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Pelas redes sociais, houve o esperado bate boca entre ele e Moro.

Lula escreveu nesta quinta-feira no Twitter que a Petrobras, em seu governo, foi transformada na segunda empresa de petróleo do mundo. “Mas o que eles fizeram?

Começaram a destruir a Petrobras”, disse, sem dizer quem seriam “eles”.

Moro rebateu. “Não teria dia mais infeliz para o comentário.

Há exatos 8 anos, a Lava Jato prendia um diretor da Petrobras que você nomeou e que recolheu propina por uma década”, escreveu o ex-juiz.

O coordenador da força-tarefa que ofereceu a denúncia contra Lula, o ex-procurador Deltan Dallagnol, agora pré-candidato a deputado federal pelo Podemos, disse que pretende também “repercutir” a visita do petista à cidade.

Acusações derrubadas no STF O processo que levou o petista à prisão se referia ao triplex no Guarujá, que, segundo os procuradores, foi uma forma de pagamento de propina da OAS em troca de benefícios da Petrobras.

Lula deixou a cadeia em novembro de 2019, após a decisão do STF que garantiu a condenados em segundo grau o direito de recorrer em liberdade.

A ficha do petista foi zerada em 2021, quando o STF considerou que Moro foi parcial na condução das ações que levaram à condenação de Lula, e anulou todos os processos contra o petista.

Com o fim da batalha judicial, Lula e Moro hoje usam a Lava Jato, cada um do seu jeito, no palanque eleitoral.