Por Rodrigo Jungmann, em artigo enviado ao blog Considere-se o teor flagrantemente racista da seguinte carta a Engels, aqui traduzida na parte relevante à temática: Destinatário em Londres Ventnor, 11 de novembro de 1882 Caro Fred, Volto a tratar do Prolétaire. É difícil dizer quem é o maior – Lafargue, que derrama a sua inspiração oracular no peito de Malon e no de Brousse, ou esses dois heróis, gêmeos celestiais que não apenas contam mentiras deliberadas, mas que se iludem ao pensarem que o mundo externo nada tem de melhor a fazer do que provocar “intrigas” contra eles e que, de fato, todos possuem a mesma estrutura craniana que o magnânimo par.

Lafargue tem a mácula costumeiramente encontrada na tribo dos negros – a ausência de um sentimento de vergonha, com o que pretendo me referir à vergonha de fazer um papel de idiota.

Mas é chegada a hora, se o jornal não se destina a obstinadamente chegar à própria ruína e se não pretende (coisa em que não posso crer) se deixar sucumbir como consequência de medidas tomadas pelo governo – é chegada a hora, afirmo, de que Lafargue ponha fim à sua gabação infantil a respeito das façanhas horrendas da sua revolução do futuro.

Mas, nesta ocasião, ele deu um bem apropriado tiro no pé.

Naturalmente alarmado porque algum panfleto pleno de denúncias, desobedecendo os regulamentos policiais, republicou assustadores excertos anarquistas do suprimido periódico Étendard, fazendo com que este último pareça “mais progressista” do que Paul Lafargue, o oráculo autorizado socialisme scientifique – alarmado com tal competição revolucionária, Lafargue cita a si mesmo (e ultimamente ele adquiriu o gracioso hábito de não apenas despejar os seus pronunciamentos oraculares sobre o mundo, mas de os “perpetuar” citando a si mesmo) como prova de que o Étendard, i. e. de que o anarquismo se limitou a macaquear a sabedoria de Lafargue e Co., ainda que apenas com a intenção de a realizar prematuramente, antes que o momento tenha amadurecido. É isso o que amiúde acontece com os oráculos; aquilo que eles creem ser da sua própria inspiração, é, ao contrário e com a maior frequência, uma mera recordação do que ficou entalado nas suas mentes. […] Karl Marx Original em alemão