No Estado de Minas Gerais O flerte entre Geraldo Alckmin e Lula para as eleições deste ano ganhou seu primeiro ponto de discordância após o petista e outras lideranças do partido defenderem a revogação da reforma trabalhista — em vigência desde o governo Michel Temer.

A intenção da cúpula petista, anunciada após a revogação da legislação trabalhista na Espanha – que serviu como modelo para a adotada no Brasil em 2017 –, pode afastar a aproximação de Lula do centro.

Diante da situação, Alckmin demonstrou preocupação com o posicionamento do ex-presidente e já conversa com outras legendas sobre o seu futuro político.

Paulinho da Força oficializa convite para filiação de Alckmin ao Solidariedade Geraldo e Paulo da Força Sindical - Solidariedade O plano de se aproximar de políticos e partidos fora da esquerda faz parte de uma estratégia para tentar liquidar as próximas eleições ainda no primeiro turno, possibilidade mostrada em pesquisas eleitorais.

No entanto, nos últimos dias, o Lula e alas do PT, como a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), defenderam nas redes sociais a completa revogação da reforma trabalhista. “Está na hora de revogar o que deu errado: Lei do Teto, a reforma que não gerou empregos, política de preços dos combustíveis.

Deter a privatização selvagem e rever os contratos lesivos ao país”, declarou a parlamentar.

A preocupação com o tema foi expressada por Alckmin ao presidente do Solidariedade, deputado federal Paulinho da Força (SP), durante café da manhã entre os dois ontem, na capital paulista.

O sindicalista aproveitou a ocasião para convidar o ex-tucano para se filiar à legenda.

Segundo o político, a conversa já tinha sido abordada antes e, agora, “é só aguardar”.

O advogado trabalhista e professor de direito do trabalho do Centro Universitário de Brasília (Ceub) Claudio Santos entende que a reforma tem pontos positivos, mas não entregou o seu principal objetivo: geração de empregos. “Não facilitou a criação, não gerou novos contratos.

Por mais que a economia não tenha ajudado, a reforma não cumpriu a missão que ela queria que era diminuir desemprego”, apontou.O especialista cita aspectos positivos da legislação como, por exemplo, o trabalhador poder escolher como irá tirar suas férias ou como negociar suas horas extras, se em folga ou remuneração, mas destaca que a revogação de tudo que foi feito em 2017 pode ser positiva para o mercado. “Nesse caso, as leis trabalhistas se enquadrariam ao que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende como positivo para o trabalhador e fortaleceria os direitos coletivos”, concluiu.

DIFERENÇAS IDEOLÓGICAS Na avaliação do cientista político André César, essa é apenas uma de muitas questões de caráter ideológico que diferenciam Lula da centro-direita.

O especialista também destacou que o petista se equivocou ao colocar em discussão um tema como esse. “Eu acho que é um erro crasso por conta da história do Lula.

Ele colocou na mesa um tema complicado e polêmico e que não estava em pauta.

A mídia reagiu, o mercado reagiu e os adversários também”, disse.

Para César, Alckmin poderia fazer alianças mais estáveis, caso queira disputar algum cargo no pleito de 2022. “O partido mais ‘natural’ depois que ele saiu do PSDB, seria do PSD, de Gilberto Kassab.

Para o Alckmin, é uma legenda muito mais interessante, que tem um guarda-chuva muito maior, que tem estrutura e pretensões fortes”, observou.

Adversários históricos, a possibilidade de aliança entre Lula e Geraldo Alckmin gerou críticas nas alas mais radicais da esquerda e dos eleitores da chamada centro-direita.

Isso porque os dois políticos já tiveram desavenças e teriam agendas conflitantes em relação às demandas do país.

Para o cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), o comportamento dos políticos demonstra uma espécie de promoção pessoal. “Eles foram adversários e, em certo momento, eu diria até que foram inimigos. É uma incoerência muito grande porque são adversários históricos.

Então, vai ser difícil não passar uma imagem de oportunismo se unindo àqueles que sempre se combateram”, observa.

Ataque de site petista ao tucano O jornalista petista Breno Altman, em participação no Bom Dia 247, da TV 247, nesta segunda-feira (10) cobrou um posicionamento do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) - cotado para ser o candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula (PT) - acerca da reforma trabalhista e do teto de gastos.

Nos últimos dias, Lula e a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), têm dado declarações críticas às políticas econômicas estabelecidas pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro (PL) e deixaram claro que revogarão pautas aprovadas nos últimos anos, como a reforma trabalhista e o teto de gastos, caso voltem ao poder.

Altman, então, cobrou um posicionamento do ex-tucano.

Para ele, as alianças feitas pelo PT precisam estar de acordo com o programa político do partido. “Tanto a Gleisi como o Lula disseram claramente o que pensam sobre itens programáticos decisivos: reforma trabalhista, teto de gastos.

Isso estabelece um parâmetro para alianças.

O Michel Temer, cujo governo foi apoiado pelo Alckmin, claramente, em artigo na Folha, saiu batendo no Lula, na Gleisi e no PT, defendendo a reforma trabalhista.

Então para fazer alianças é preciso saber o que os aliados têm a dizer sobre a reforma trabalhista.

No caso concreto do Alckmin, ele é contra ou a favor a revogação da reforma trabalhista?

Ele é contra ou a favor da revogação do teto de gastos?.

Se for para fazer aliança que nada mudam, apenas afastam o Bolsonaro, qual o sentido?

Então a Gleisi e o Lula colocaram os bois na frente do carro, inverteram o ditado popular.

Primeiro o programa, vamos estabelecer um programa mínimo”.