O sociólogo Antônio Lavareda destaca que, ao lado da economia, nada foi tão desgastante para a imagem do governo quanto à avaliação de seu desempenho na pandemia. “A avaliação negativa da sua atuação (R/P) era de 48% em janeiro, registrando agora 54%.
A positiva era 26% e termina o ano praticamente igual (25%).
Ou seja, embora quase 70% da população tenham tomado a segunda dose, um dos maiores percentuais entre países desenvolvidos, o Governo não conseguiu capitalizar esse fato.
Em grande medida porque a segunda onda do vírus encontrou a área da saúde perdida.
Na esteira do aumento dos óbitos, a CPI da COVID foi instalada.
Ela se mostraria uma devastadora usina de más notícias para o Governo.
Durante meses o país acompanhou, em transmissões ao vivo na TV, denúncias que iam de esquemas de corrupção à postergação da aquisição de vacinas.
Ao final, a Comissão cravou a responsabilidade do Presidente e de outras autoridades pelas mais de 600 mil vidas perdidas”, observa.
O ano foi problemático para o governo Em outro ponto, Lavareda destaca que a intersecção da economia com a pandemia influiu fortemente na sua avaliação na opinião pública, que terminou o ano estabilizada em um patamar negativo elevado.
O ruim e péssimo é de 54%.
O analista observa que esse número era 40% em janeiro. “A avaliação positiva recuou ao longo do ano, passando de 32% em janeiro para 24% em dezembro. ..
Os saldos (positivo-negativo) foram de -8 pontos para -30 pontos.
Os resultados da medição dicotômica seguiram a mesma direção.
A desaprovação, que começou o ano já elevada (50%), termina em 65%.
Enquanto a aprovação recuou de 42% para 30%.
Com os saldos indo de -8 ptos para -35 ptos.
Para o projeto de reeleição, o Governo não poderá esperar a campanha eleitoral para alterar a leitura pública.
Ao menos o início da reversão necessitará ocorrer ainda no primeiro semestre de 2022.
Já no dia 03 de março será aberta, durante um mês, a janela de migração partidária, que passará forte sinalização das chances de cada bloco em disputa”.
Antonio Lavareda, cientista político - DIVULGAÇÃO O especialista destaca ainda que a deterioração da percepção sobre a economia foi acentuada.
Que as pessoas que apontavam que estava no “caminho errado” era 54% em janeiro e hoje são 69%.
Os que a viam no “caminho certo” eram 34% no início do ano, recuando agora para 23%. “A diferença entre as duas visões da condução da economia variou de -20 para -46 pontos.
Mas o Governo acredita na repercussão do Auxílio Brasil turbinado, distribuindo 400 reais mensais para cerca de 17 milhões de famílias.
Além de outras políticas distributivas, como o Vale Gás e um novo microcrédito da Caixa que seria capaz de alcançar 100 milhões de pessoas.
Também aposta em investimentos privados para alavancar o PIB e reduzir o desemprego.
Assim como no controle da inflação, que espera ver reduzida a 5% (metade do valor deste ano).
As oposições, de outro lado, acreditam que o combate à inflação, elevando os juros, dificultará a recuperação econômica, e que não haverá condições para uma maior “apropriação” política das ações voltadas à base da pirâmide social.
De qualquer forma, vai se encurtando o cronograma para quem precisa mudar substancialmente a atual correlação de forças.”, observa Antônio Lavareda