Por Paulo André Leitão Ricardo Leitão nasceu, cresceu, formou-se, profissionalizou-se, ganhou importantes prêmios nacionais em revistas e jornais impressos, dirigiu jornal impresso. É cria de Johannes Gutenberg, o alemão inventor da imprensa, e não tem WhatsApp no celular nem perfil nas redes sociais.
Que poderia se esperar do seu primeiro livro?
Que fosse impresso, responderia a quase totalidade dos que o conhecem.
Surpreende, pois, que “Tempos Trágicos - Relatos sobre o desgoverno Bolsonaro” seja publicado apenas em formato digital.
Leitão traiu o velho alemão?
O momento capital dessa história ocorreu em 30 de novembro passado, quando postei foto minha e dele no Instagram anunciando a novidade.
Semanas antes tinha apresentado a ideia do livro e a sugestão do formato digital.
Eliene, cunhada querida, acumpliciou-se e embarcou na viagem por mares nunca dantes navegados pelo veterano escriba.
Foi decisiva tripulante.
Os textos haviam começado a circular durante a campanha presidencial de 2018 através de listas de transmissão do WhatsApp e de emails.
O Diario de Pernambuco, Alexandre e Maurício Rands à frente, passou a publicá-los regularmente, sob o atento olhar de Brites Caminha.
A plataforma seguinte, já sem o Diario, foi o Blog de Jamildo, de onde até hoje os artigos ganham o mundo.
O trabalho de garimpo revelou que o primeiro texto escrito chama-se “O ovo da serpente”, visão do autor daquilo que o então candidato sempre foi, e antevisão do que, eleito, passaria a ser.
O título do mais recente artigo contido no livro, o de número 141, provoca: “Achou ruim?
Espere 2022”.
A serpente encarna e liga 2018 aos atuais tempos trágicos.
Organizada a sequência cronológica, somaram-se ao embrião o projeto editorial, revisão, ilustrações, prefácio, editoração eletrônica e diagramação, tudo embalado por uma capa que fala por si.
Em tudo, a cara de um livro impresso. “Tempos Trágicos” deve ser, em Pernambuco, o primeiro livro exclusivamente digital com lançamento presencial.
Moveu-nos a vontade de apressar a celebração do nascimento, promover encontros, fortalecer esperanças, proporcionar uma noite agradável a quem em muitos casos a pandemia afastou.
Lançamento online não teria graça nenhuma, agora que é possível ter gente por perto, respeitados os cuidados sanitários.
O formato eletrônico dos relatos sobre o desgoverno Bolsonaro é a certidão de nascimento do Leitão digital, aos 71 anos de idade e 50 de jornalismo.
O reencontro com o impresso pode estar logo ali à frente.
Gutenberg saberá esperar e desde já perdoá-lo, ouso dizer.
Ricardo Leitão ganhou importantes prêmios nacionais em revistas e jornais impressos, dirigiu jornal impresso, está lançando “Tempos Trágicos - Relatos sobre o desgoverno Bolsonaro” apenas em formato digital - Divulgação