Por Ricardo Leitão, em artigo enviado ao blog O que será menos pior: Jair Bolsonaro ficar calado ou não falar na Conferência Mundial do Clima, a COP 26, a ser realizada pela Organização das Nações Unidas, em Glasgow, Escócia, a partir deste domingo, 31?
Considerando-se o desempenho de Sua Excelência em evento internacional anterior – a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro passado, em Nova York – valerá qualquer uma das escolhas à pergunta feita.
Recorde-se: no plenário da assembleia, perante dezenas de líderes mundiais, o presidente do Brasil defendeu o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19.
Inesquecível.
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A comitiva brasileira desembarca em Glasgow representando um país que passou a ser tratado como um pária em questões ambientais.
De 2004 a 2012 ganhou respeito internacional, ao reduzir em 80% o desmatamento.
Na semana passada, relatório das Nações Unidas, avaliando as 20 maiores economias do mundo, concluiu que o Brasil foi o país que mais regrediu em suas metas de emissão de gás carbônico.
Entre o desempenho de uma década atrás e o desastre ambiental de agora, se dá o desgoverno de Jair Bolsonaro.
Não foi só o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, exonerado e hoje investigado por ligações com contrabandistas de madeira.
Junte-se o desmonte planejado de órgãos de fiscalização, como o Ibama e o ICMBio que, de tão profundo, praticamente impediu ação de seus agentes contra incêndios e queimadas criminosas.
O resultado trágico é que de janeiro a setembro deste ano o desmatamento na floresta tropical brasileira atingiu 8.939 quilômetros quadrados, 39% a mais que no mesmo período de 2020, o pior índice em dez anos.
Como é de rotina no desgoverno, Bolsonaro buscou uma solução militar, decretando três intervenções das Forças Armadas para proteger o bioma amazônico.
Sob a coordenação do vice-presidente, general Hamilton Mourão, elas custaram R$ 550 milhões aos cofres públicos e não contiveram a derrubada das árvores.
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Há quase uma década vigora no Brasil um Código Florestal, resultado de extensos debates entre ruralistas, ambientalistas e políticos.
Os congressistas decidiram agora abrandá-lo, reduzindo as restrições para edificações às margens de cursos d´água.
A dimensão da área para construções passa a ser atribuição das prefeituras municipais.
Dizem que os aplausos da indústria imobiliária foram ouvidos até a uns 10 quilômetros dos prédios do Congresso.
E mais: cientistas concluíram que o desmatamento da Amazônia é a principal fonte de emissão de gases de efeito estufa no Brasil.
Outros danos profundos causados à floresta que permanece em pé podem estar jogando na atmosfera quase a mesma quantidade de carbono que é emitida pelo chamado corte raso.
Os cientistas sugerem que o assunto seja tratado na COP 26.
A propósito, o que vai fazer Jair Bolsonaro na COP 26?
Não seria melhor trocar as brumosas montanhas escocesas pelas águas tépidas nordestinas, nadando uma maratona entre o Recife e Fernando de Noronha?
A degradação do meio ambiente, no mundo e no Brasil, não é assunto para amadores.
As metas de redução da temperatura do planeta em 2,5 graus, até 2050, não estão sendo gradativamente alcançadas – como foi consensuado, por 157 países em Paris, há cinco anos.
Isso acarretaria secas, inundações e incêndios extremos.
A conferência de Glasgow talvez seja uma das últimas oportunidades de reorganizar consensos e renovar compromissos.
Não se trata de um jogo de poder entre países ricos, remediados e pobres.
Trata-se da sobrevivência das espécies, da humanidade, um debate de líderes sobre o futuro.
Sinceramente, o que Bolsonaro vai fazer na Escócia?