O mais novo episódio do Política ao Quadrado, do Distrito Fedreal, teve como convidado o general Santos Cruz, ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência.

O militar rebate o entendimento de que as Forças Armadas seriam espécie de Poder Moderador, interpretação segundo ele absurda.

O ex-integrante do governo Bolsonaro negou pretensões de candidatura à presidência da República e analisou episódios da nossa história política recente, como o Mensalão e a Lava Jato.

O convidado afirma que as Forças Armadas têm o papel constitucional de assegurar a defesa da pátria, da lei e da ordem.

Elas devem garantir a existência e o funcionamento dos poderes constituídos e não interferir neles. “A vida do Brasil mudou, nós não estamos na década de 60, nós não estamos no pós-Guerra Fria.

Esse pessoal tem que acordar que estamos em 2021”.

Deterioração do comportamento político Segundo o militar, vive-se um momento de desrespeito completo, pessoal, funcional e institucional.

Houve o esvaziamento do debate político e persiste o ataque a pessoas. “Apesar da legitimidade do atual governo eleito, existe influência da milícia digital extremista, que dispersa notícias falsas e manipula a opinião pública.

Atualmente, a irresponsabilidade do uso das mídias sociais é confundida com liberdade: calúnia, injúria e difamação continuam sendo crimes”.

Ao falar da Lava Jato, Santos Cruz observa que o processo mostrou a possibilidade de combate à corrupção e de punição de quem tem poder.

Na avaliação do general, a criminalização da política deu-se pelo comportamento de alguns integrantes do poder e não pela operação ou pela atuação da Justiça.

Já sobre o Mensalão, ele afirma que o episódio representou a destruição da democracia, por meio da compra do Legislativo pelo Executivo, com danos à garantia da independência entre os poderes.

O general ainda classificou o orçamento secreto como a evolução da prática, o “Mensalão de última geração”.

Santos Cruz relatou suas experiências em missões militares da ONU na República Democrática do Congo e no Haiti.

Ele esclareceu o papel de tais intervenções internacionais, que não buscam “consertar” países, mas prestar apoio para a estabilização política, com recursos financeiros e técnicos.

O combate à corrupção e mudanças de legislação dependem da capacidade de organização e de interesse das lideranças locais.