A carta e a live de Bolsonaro Por Manoel Fernandes, especial para o blog de Jamildo A compreensão dos eventos de ontem envolvendo presidente Jair Bolsonaro e o STF precisa ser dividida em duas partes.
A primeira é a carta do presidente, elaborada com a ajuda do ex-presidente Michel Temer.
Quando o conteúdo foi revelado, a base bolsonarista ficou desconcertada porque ainda festejava o resultado do 7 de Setembro.
Tal sentimento foi atenuado a partir das 19h na live semanal de Bolsonaro no Facebook na qual ele pediu que seus aliados confiassem nas duas decisões.
Por enquanto, o Sistema Analítico BITES não identificou sinais substantivos de uma debandada dos bolsonaristas com redução da bolha de sustentação do presidente da República.
Pelo contrário, após a live, o grupo mais organizado se reestruturou e criou uma estratégia de contenção do problema que coloca Bolsonaro no papel de pacificador, não para a opinião pública, e sim para os seus seguidores.
Essa nossa visão está amparada em dados históricos da trajetória de Bolsonaro no universo digital e a sua militância na Internet.
Em abril de 2020, quando o ministro Sérgio Moro saiu do governo, Bolsonaro perdeu seguidores pela primeira vez desde a campanha de 2018.
Em 24 horas, 55 mil perfis deixaram de acompanhá-lo no Facebook, Youtube, Instagram e Twitter.
Esse comportamento não foi notado até agora às 17h.
Pelo contrário, desde ontem, ele ganhou 4.200 novos seguidores.
Lula conquistou 6.052 e Ciro outros 1.626.
A live de ontem ficou na sétima posição com 3,7 milhões de visualizações, entre os vídeos publicados na fanpage do presidente nos últimos 30 dias.* No Facebook, entre 500 mil posts publicados nas últimas 24 horas sobre Bolsonaro em fanpages e grupos públicos, entre os conteúdos com maior volume de interações prevalece a narrativa que é necessário “confiar no capitão”.* Não há uma crítica estruturada dos bolsonaristas à carta.
Quando combinamos palavras como traição, traído e traidor, decepção, frustração ou decepcionado, o volume no Facebook é de 4.700 posts (1% do total) e boa parte com origem em perfis da oposição.
No Twitter, Bolsonaro apareceu desde ontem em 1,3 milhão de posts e 18.800 (1,5%) trazem a combinação com traição e suas variações.
Quando analisamos as hashtags positivas e negativas sobre o presidente, os dois fluxos foram equivalentes.
Foram 155 mil tweets com Hashs negativas e 122 mil com positiva para o presidente.