Por Fernando Holanda, em artigo enviado ao blog Nas duas últimas semanas, Pernambuco recebeu dois dos quatro pré-candidatos à Presidência da República pelo PSDB.

Os governadores do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e de São Paulo João Dória estiveram no Recife e em Caruaru, onde conheceram políticas públicas e participaram de atos políticos que tiveram como anfitriã a presidente estadual do partido Raquel Lyra.

A ambos, a Prefeita de Caruaru destacou a importância de se adotar uma nova forma de abordar o Nordeste no próximo ciclo eleitoral nacional.

E a sugeriu através de um documento batizado de Novo Pacto pelo Nordeste, assinado por ela em colaboração com o Instituto Teotônio Vilela de Pernambuco.

O Novo Pacto pelo Nordeste contemplou a opinião de quadros importantes do PSDB de Pernambuco e apresentou aos pré-candidatos duas ideias-forças.

A primeira, que boa parte dos problemas nacionais têm origens regionais.

Uma condição que deveria ser óbvia diante de tantos exemplos, mas que é frequentes esquecida, especialmente quando o assunto é o Nordeste.

E que pode ser muitíssimo bem exemplificada pela iminente crise energética que ameaça o país: um problema nacional cujas origens (regionais) encontram-se tanto no desmatamento desenfreado da Amazônia quanto na estiagem que assola as regiões Sul e Sudeste.

A segunda ideia-força sugere que o Nordeste seja abordado a partir de suas potencialidades.

Uma verdadeira mudança de paradigma, que desloca o desgastado debate sobre os problemas da região para a busca por soluções capazes de promover mudanças sistêmicas.

E que estejam baseadas nas tantas oportunidades que o Nordeste apresenta para o Brasil, que, não por acaso, têm intercessão estreita justamente com seus maiores problemas.

Utilizando-se o mesmo exemplo da crise energética, é fácil lembrar que, no Nordeste, a seca é uma velha conhecida.

E mais válido ainda, que a região possui um imenso potencial de geração de energias limpas e renováveis, seja na insolação do sertão de Pernambuco, nos ventos do Ceará ou nas ondas do mar do Rio Grande do Norte.

No Novo Pacto pelo Nordeste, Raquel Lyra elenca dez temas prioritários para o debate daspróximas eleições presidenciais.

E que desde já podem e devem ser abordados não a partir de seus problemas, mas, sim, de suas potencialidades e das potenciais políticas públicas que podem ser desenvolvidas a partir delas.

Longe de pretender esgotar o debate, o documento se propõe a ser uma provocação para reorientar o debate nacional sobre o Nordeste já nas prévias do PSDB, que, segundo o presidente nacional Bruno Araújo, deverão ser asmais democráticas já realizadas por um partido político na América Latina.

Leite e Dória não só receberam o documento, como puderam observar nas palavras e ações de Raquel Lyra o potencial que esta nova forma de abordar o Nordeste pode oferecer tanto a suas campanhas quanto a um mandato presidencial.

Em tempos de ultranacionalismo e ameaças frequentes às Instituições, sugerir um Novo Pacto pelo Nordeste em prévias partidárias nacionais parece ser um bom caminho para valorizar e defender não só a região, mas todos os valores fundamentais da República e da Democracia no Brasil.

Fernando Holanda é Presidente do Instituto Teotônio Vilela em Pernambuco