Os governadores do Norte e do Nordeste se reuniram nesta terça com representantes do governo russo para discutir a tentativa de importação da vacina Sputnik V.

Nesta segunda, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou o pedido de importação do imunizante, deixando os governadores pendurados no pincel.

O governador do Piauí disse em mensagem nas redes sociais que a expectativa dos governadores é que o governo russo possa responder aos pontos críticos levantados pela Anvisa. “Os pontos levantados no relatório da Anvisa dizem o contrário [do que foi afirmado pelo governo russo].

Precisamos saber agora quem está com a verdade”, afirmou.

Os administradores estaduais já negociaram 66 milhões de doses da vacina russa.

Diante da decisão da Anvisa, a reunião teve como objetivo discutir os problemas apontados pela equipe técnica da Agência, como a falta de comprovações sobre a segurança da vacina e dos processos de fabricação.

Segundo o coordenador do Fórum de Governadores do Nordeste, o governador do Piauí Wellington Dias (PT), no encontro com representantes do Instituto Gamaleya (responsável pelo desenvolvimento da vacina) e do ministério da Saúde russo, as autoridades daquele país reiteraram a garantia de segurança do imunizante. “Os técnicos afirmaram que é uma vacina segura, com baixos efeitos colaterais, é uma vacina eficaz, tem capacidade de imunização, já aplicada em milhões de pessoas em 62 países do mundo”, disse Dias, em vídeo divulgado pela assessoria do consórcio. “Queremos entender porque o Brasil não pode utilizar um imunizante que 62 países consideram seguro e eficaz”, disse Wellington Dias.

Ausência do Instituto Gamaleya repercute Durante a audiência na Câmara dos Deputados, marcada para ouvir representantes do Ministério da Saúde e dos laboratórios sobre a situação das vacinas Pfizer, Janssen e Sputnik V no país, deputados criticaram a ausência de representantes do Instituto Gamaleya.

De acordo com o embaixador da Rússia, a representação do instituto não pode participar da audiência devido a reunião ter começado atrasada.

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse ter ficado decepcionada com a não aprovação da importação da vacina e que esperava ouvir explicações dos representantes do laboratório. “A polêmica é sobre a vacina russa e eu lamentei muito que os russos não entraram no debate, porque o Parlamento brasileiro precisa ouvir do Instituto Gamaleya, dos cientistas e técnicos russos os seus argumentos e dados”, disse.

A deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) disse que a audiência era um momento para que os representantes pudessem apresentar explicações. “Infelizmente por não haver os representantes me preocupa muito em uma audiência de extrema importância”, disse. “Eu confesso que deixa a gente com algumas perguntas quando a gente vê outros países vacinando a sua população com a Sputnik.

Será que esses países estão sendo tão irresponsáveis de colocar a vida de seus cidadãos em risco?”.

O presidente do colegiado, deputado Luiz Antônio Teixeira Jr (PP-RJ), o Dr.

Luizinho, reafirmou a possibilidade de revisão da decisão da Anvisa a partir do recebimento de mais informações da empresa. “Nos próximos dias a Anvisa vai se debruçar sobre a vacina Sputnik.

Tem que voltar à carga com os governadores do Nordeste para ver a documentação para que possa fazer uma liberação segura”, disse.