Com o mote “Queremos vacina no braço e comida no prato”, organizações que integram o movimento Renda Básica Que Queremos, responsável pela campanha #auxilioateofimdapandemia, se uniram a centrais sindicais e a movimentos populares para fazer, nesta terça (20), manifestação pela volta do auxílio de R$ 600 até o fim da pandemia.

Além de pedir urgência do Congresso Nacional para restituir o auxílio emergencial nesse valor, os organizadores da manifestação chamam a atenção para a necessidade de acelerar o processo de vacinação, por meio do SUS, para todos os brasileiros. “Há milhares de pessoas com fome, dependendo da boa vontade de quem ajuda e de ações pontuais de distribuição de cestas e marmitas.

Enquanto isso, o governo segue ignorando que o valor do auxílio fornecido atualmente não paga 1 ? 4 da cesta básica, justamente em um momento de agravamento da crise de empregos e da pandemia”, diz Douglas Belchior, professor da Uneafro Brasil e membro da Coalizão Negra por Direitos.

Para os organizadores do movimento, com o agravamento da pandemia e a necessidade de isolamento social, as pessoas mais vulneráveis estão passando fome em uma crise que não é vista desde 2004 - quando eram 11,2 milhões de pessoas em insegurança alimentar.

Segundo as entidades, dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSAM), de dezembro do ano passado, revelam que a fome registrou aumento de 27,6% entre os anos de 2018 a 2020, voltando ao patamar visto em 2004.

De setembro a dezembro de 2020, 55,2% dos domicílios conviviam com insegurança alimentar, mas para 19,1 milhões de pessoas (9% da população) o cenário era de fome (insegurança alimentar grave). “São centenas de casos de pessoas que passam fome, não têm renda nem perspectiva de trabalho”, diz Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, uma das organizações da campanha #auxilioateofimdapandemia. “A cada semana recebemos uma média de 400 mensagens diferentes de pessoas que não receberam o benefício, mesmo tendo direito.

O governo parece ignorar que não são números: são pessoas com fome e sem respostas.” Hoje serão realizadas manifestações virtuais por todo o país para mostrar o dia de luta pelo auxílio emergencial digno e pela vacina para todos os brasileiros.