O advogado Hebron Cruz de Oliveira, que representa a Engita, empresa que tem a receber junto ao EAS de mais de R$ 50 milhões, reclama da “institucionalização de um calote”, se e aprovado na assembleia de credores desta sexta-feira (16/04), o Plano de Recuperação Judicial (RJ) do Estaleiro Atlântico Sul. “O plano massacrará, de vez, os credores.

Principalmente, os menores.

Mas os grandes, como BNDES que tem a receber mais de R$ 870 milhões, também vão amargar um belo prejuízo.

Um dos principais pontos da proposta prevê o perdão de até 90% das dívidas e parcelamento do saldo restante em até 15 anos”.

Cruz de Oliveira disse que a insatisfação é evidente entre grande parte dos credores.

Para esse grupo, do qual a Engita faz parte, a melhor forma de recuperar o prejuízo será a decretação da falência do Atlântico Sul. “Estimamos que o patrimônio do estaleiro esteja, hoje, na casa dos R$ 5 bilhões.

O total de dívidas acumulada pelo estaleiro está em R$ 2,3 bilhões.

Nesse caso, a nossa previsão seria que em até cinco anos todo o passivo estaria liquidado”.

Na avaliação desses credores, muito dos quais foram severamente abalados com a inadimplência do EAS (alguns chegando a suspender as operações ou estejam prestes a fazê-lo), a falência aceleraria a recuperação dos recursos. “Isso vale, inclusive, para os trabalhadores”, observa.

Segundo o advogado os empregados correm sérios riscos de serem prejudicados mesmo em caso de ações ganhas na justiça. “O EAS só reconhece no plano de recuperação dívidas como salários, FGTS, férias e décimo-terceiro.

Horas extras, insalubridade, danos morais e honorários advocatícios, por exemplo, estão de fora”.

O advogado diz que mesmo com a aprovação da RJ ainda levará um bom tempo para que os credores, de fato, venham a receber alguma coisa. “Nossa estimativa é que esse intervalo seja de, pelo menos, três anos”, assinala.

Pelo ralo?

O advogado lembra que além dos prejuízos causados à iniciativa privada e aos trabalhadores, o estaleiro também está causando grandes perdas ao erário.

Fora o BNDES, há débitos junto a Petrobras (R$ 119 milhões) e Caixa Econômica Federal (R$ 31 milhões). “É dinheiro público, do contribuinte, indo literalmente pelo ralo”, lamenta.

Outro credor importante é o Bradesco.

O EAS deve a instituição financeira cerca de R$ 60 milhões.

O advogado enfatiza que, da forma como está proposta, a recuperação judicial do estaleiro aumentará os já sérios prejuízos a todos envolvidos no processo caso venha a ser aprovada.

Motivo pelo qual, ele enfatiza que a Engita e o grupo de credores lutarão em todas as instâncias. “É uma vergonha se essa RJ prosperar dessa forma”.

Com a palavra, o estaleiro de Suape, caso entenda necessário