Por José Paulo Cavalcanti Filho, em sua coluna no JC desta sexta A “Operação Castelo de Areia” antecipou a “Lava Jato”.
Nela, ficou provado que a Camargo Correia fraudou grandes obras públicas (2009).
E que transferiu grana, pelo doleiro Kurt Paul Picker, para partidos e políticos – entre eles Kassab, Palocci, Sérgio Cabral, Skaf, Valdemar Costa Neto.
O ministro Cesar Asfor Rocha (STJ) foi mentor nas articulações para seu desmonte.
Não gostou de ser citado em artigo que escrevi.
E pagou empresa de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, para redigir artigo firmado por cidadão que alega ter 137 seguidores.
E se assina como “jornalista que lê os processos que comenta”.
Deve ser piada.
Com o texto em mãos, o ministro pediu a grandes empresários de sua terra (Ceará) que requeressem resposta (Viva a Demagogia, JC desta segunda).
Nada contra.
Democracia é confronto de ideias.
Embora seja injusto opor quem recebe grana, para dizer o que lhe mandam, com os que (certos ou não) acreditam no que escrevem.
Questão central no caso é saber se investigações, como as da Camargo Correia, podem ser feitas a partir de denúncias anônimas.
A jurisprudência de todos os 33 casos do STJ, até então julgados, assentava que sim.
Na linha do que se dá, nos Estados Unidos, com a Foreign Corrupt Practices.
Mas a Relatora, na turma, decidiu que não.
Um voto estranhíssimo.
Mas “esperadíssimo” (se é que me entendem), palavras de um ministro seu colega.
Já o revisor (em 56 belas páginas), ministro Og Marques, divergiu.
Foi quando o ministro Asfor Rocha, em liminar, suspendeu o processo.
Na colaboração premiada de Antônio Palocci, vem a notícia de que teria recebido propina, para isso.
Verdade ou não, dirá o futuro.
E ainda bem que, enquanto perdura essa dúvida, decisão judicial determinou que as provas não fossem destruídas.
Ano e pouco depois, surgiu a chance, e foram convocados dois juízes substitutos.
Por quem?
Ora por quem, meus senhores.
Por Asfor Rocha!
Sempre ele.
Um de São Paulo, outro do Ceará, sua terra.
Escolhidos a dedo.
E votaram com a relatora, claro, não seriam indicados fossem votar diferente.
Cesar Asfor Rocha é a cara de um Brasil que não queremos.
Por fim, confio só que o amigo leitor saiba separar os verdadeiros demagogos, aqueles que embolsam grana suja ou alugam suas penas, dos que apenas sonham (apesar dos revezes) com um país mais limpo. É isso.