A reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, um grupo de governadores e os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) para tratar do combate à Covid-19, realizada na quarta (24), foi abordada pelo deputado José Queiroz (PDT).
Em discurso na Reunião Plenária desta quinta (25), o pedetista classificou o encontro como “enganação”, sustentando que o mandatário brasileiro “não merece o respeito da população”. “O presidente criou um ‘paredão’ para se proteger: chamou representantes de outros Poderes, governadores e deputados de sua base.
Se é um pacto com todos, por que não convidou parlamentares e governadores da Oposição?”, questionou Queiroz. “E, logo depois da reunião, ele falou de novo em tratamento precoce.
Não pode merecer o respeito dos brasileiros alguém que se comporta assim.” O deputado ainda comentou a declaração do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que afirmou que o Governo chegará a um milhão de aplicação de vacinas por dia. “O SUS (Sistema Único de Saúde) imunizou 600 mil pessoas ontem, mas o que falta é vacina.
Porém, antes, o presidente zombou da Coronavac e recusou o produto da Pfizer”, relembrou. “Por ele negligenciar a busca por imunizantes e não impedir aglomerações, atingimos a marca de mais de 300 mil mortos”, lamentou.
Em contraposição a Jair Bolsonaro, José Queiroz elogiou os pronunciamentos dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). “Eles fizeram discursos históricos, dando exemplo de independência ao cobrar que o presidente comande o País corretamente”, avaliou.
A fala de Queiroz recebeu o apoio do deputado João Paulo (PCdoB), que a considerou “uma demonstração sobre quem é o verdadeiro responsável pelas mais de 300 mil mortes”.
Para Diogo Moraes (PSB), “um presidente de verdade não precisaria chamar outros poderes para liderar o combate à Covid-19”.
O deputado Alberto Feitosa (PSC), hoje bolsonarista, discordou. “Falta diálogo aqui em Pernambuco, quando Paulo Câmara decreta restrições sem consultar prefeitos e empresários”.
O pedetista respondeu que “centram ataques no governador porque sabem que Bolsonaro é indefensável”.
Defesa do capitão Ao defender a atuação do Governo Federal no enfrentamento à pandemia de Covid-19, o deputado Alberto Feitosa (PSC) culpou o governador Paulo Câmara pelos problemas enfrentados em Pernambuco.
Na Reunião Plenária desta quinta (25), ele cobrou maior articulação com os segmentos econômicos afetados pelo decreto que estabelece quarentena no Estado até o próximo dia 28.
Na avaliação do parlamentar, houve “pouca ou nenhuma possibilidade de diálogo”, inclusive com o Poder Legislativo pernambucano, sobre as medidas restritivas em relação a atividades sociais e econômicas.
E ainda não se saberia, hoje, o que abrirá ou fechará após o período de 11 dias. “Todos foram pegos de surpresa.
Os ofícios dirigidos ao Governo Estadual sequer tiveram resposta”, relatou.
Feitosa elogiou o presidente da República, Jair Bolsonaro, pela reunião realizada ontem com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, além de sete governadores aliados, para discutir ações de combate à pandemia. “Ele se abriu ao diálogo.
Que o governador tome isso como exemplo”, disse.
Críticas Ainda no pronunciamento, o deputado do PSC repercutiu a resposta do Governo do Estado ao pedido de informação feito por ele.
Feitosa destacou que, conforme os dados, Pernambuco teria liquidado apenas 57% da verba que recebeu do Governo Federal para o enfrentamento à Covid-19.
Além disso, teria pago por respiradores que não foram entregues, deixado de comprar vacinas ou freezers e câmaras frigoríficas para armazená-las.
O parlamentar também fez ressalvas à realização do Carnaval em 2020 e criticou governadores que não implementaram o que chamou de “tratamento preventivo e precoce” contra a doença.
Ele apontou o problema da aglomeração no transporte coletivo, cobrou um auxílio emergencial estadual e comentou sobre a falta de abastecimento de água como impedimento às medidas de higienização necessárias.
Ao se opor a um possível lockdown, citou a decisão da Alemanha de suspender restrições mais rigorosas que seriam adotadas durante a Semana Santa.