O deputado federal Augusto Coutinho (Solidariedade-PE) convocou, na tarde desta terça-feira, 9, junto com o deputado Wolney Queiroz (PDT), uma reunião com bancada do estado e representantes da academia e do setor produtivo para tratar dos efeitos devastadores da PEC emergencial, que retira os incentivos da área de tecnologia e prejudica, diretamente, o Porto Digital em Pernambuco, uma referência no país. “A gente pode jogar duro contra a PEC.
Fazer o governo repensar nisso.
Passou pelo Senado, mas precisa de 300 votos e a gente vai votar contra. É um duro golpe que fizeram contra nós e não podemos deixar passar”, declarou o deputado.
A PEC 186/2019, mais conhecida como PEC emergencial, propõe excluir recursos na área de educação, saúde e tecnologia para ajudar o governo a enfrentar os gastos com a pandemia, que inclui o pagamento de um novo auxílio emergencial à população mais afetada com a pandemia da Covid-19. “O governo tem que repensar isso.
Da forma como está, não dá para ser aprovada.
Nosso setor de tecnologia, que é referência no mundo inteiro, seria duramente penalizado”, completou o deputado.
O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, que participou da reunião, declarou que as empresas do setor de tecnologia, beneficiadas com a Lei de Informática, investem em atividades de pesquisa no país cerca de R$ 1,5 bilhão. “São 2,6 mil projetos, que podem ser realizados pelas empresas ou mediante convênio com institutos de pesquisa de ensino.
Somos a favor do auxílio, mas é uma perda grande a um setor tão importante”.
Segundo ele, são gerados 136 mil empregos com mais de 600 empresas habilitadas ao incentivos, cujo faturamento anual chega a R$ 46 bilhões. “Nós temos um risco da desestruturação das empresas aqui instaladas.
Eles podem ir para Manaus, na região da Zona Franca, ou saírem para fora do país, levando a força de trabalho, o que é um elemento comum dada a organização a nível global do sistema de pesquisa e de desenvolvimento e inovação”, disse o reitor.
Na UFPE, 24 startups já estariam selecionadas para ocupar o antigo prédio da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), cuja estrutura agora faz parte da instituição.
Com a aprovação da PEC, essas empresas não teriam mais garantia nem segurança jurídica.
O Porto Digital diz que a aprovação da PEC emergencial, nos moldes atuais aprovada pelo Senado, representaria o fim do ciclo de grandes empresas de tecnologia no estado. “O Centro de Informática (CIN), da UFPE, fatura R$ 65 milhões por ano por meio de informática.
Em dois anos, isso é excluído.
São 500 pessoas que dependem disso, nos quais 150 bolsistas de Doutorado que tem sua tese vinculada”.
Ele também citou exemplos como o do Centro de Estudos e Sistemas Avançados (Cesar), no Recife. “O Cesar tem 930 pessoas trabalhando lá, 600 delas são vinculadas ao setor de informática.
O faturamento do Cesar, que está previsto para R$ 200 milhões nesse ano, cairia para R$ 70 milhões”, diz a entidade.
Também participaram da reunião, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, e os deputados Carlos Veras (PT) Danilo Cabral (PSB), Felipe Carreras (PSB), Marília Arraes (PT), Raul Henry (MDB), Sebastião Oliveira (Avante), Silvio Costa Filho (Republicanos) e Wolney Queiroz (PDT).