Por Terezinha Nunes, em artigo enviado ao blog É sabido, em verso e prosa, que o Brasil figura entre os países mais racistas do mundo.
Mais de 200 anos nos separam da escravidão reconhecida e apoiada pelo estado mas ainda é patente a falta de oportunidade, o bullyng e as agressões aos negros em grande parte excluídos do mercado de trabalho e vitimas exponenciais da violência.
O que não se conhecia ainda, pelo menos de forma clara e transmitida em tempo real para todo o país o racismo mais cruel de todos: aquele praticado por negros contra negros. É o que vem ocorrendo no Big Brother Brasil 2021, da Rede Globo, causando indignação nacional.
De repente, duas mulheres feministas e militantes negras, a cantora Karol Conká e a psicóloga Lumena se juntaram a outros participantes masculinos, entre os quais dois militantes negros, como Nego Di e Projota, para detonar o ator, rapper, poeta e ativista dos direitos humanos Lucas Penteado.
Negro, Lucas sofreu bullyng com requintes de crueldade.
Sob o comando de Karol, que chegou a expulsá-lo da mesa de refeição, o grupo humilhou Lucas o tempo que pode.
Ninguém falava com ele – com exceção de quatro outros participantes também atacados – e o mesmo acabou submetido, de forma continuada, ao castigo do monstro (personagem ridicularmente vestido para pagar mico sempre que for acionado), era atacado quando falava ou quando ficava calado, como chegou a lamentar, e foi excluído por Nego Di da mais importante prova que escolhe o líder da semana.
Nesse caldo de cultura Lucas ameaçou deixar o reality e acabou concretizando o ato na madrugada deste domingo depois de protagonizar um beijo em outro participante, o homossexual Gilberto, natural de Pernambuco, que é pardo e também vinha sofrendo bullying sendo chamado por Karol Conká e Nego Di de “cabelo de esponja”, uma ofensa moral que pode render aos dois processo criminal por racismo.
O BBB que, na versão passada, alcançou grande audiência quando ficou clara a divisão da casa entre homens – em sua maioria machistas – e mulheres emponderadas, parecia encaminhado na atual versão – pelo perfil dos participantes – a uma convivência pacífica entre homens e mulheres ou então, projetando o ambiente radicalizado da sociedade brasileira nesse momento, a uma guerra entre brancos e negros.
O que não se esperava era que exatamente os militantes negros viessem a exibir uma guerra entre seus iguais.
E de forma desproporcional e revoltante causando indignação nas redes sociais.
E eles não ficaram restritos aos negros em si.
A participante paraibana Julliete, formada em Direito, tem sido vitima de xenofobia e preconceito por conta do seu sotaque e foi atacada por Karol Conká, que é curitibana, e deixou claro que Julliete, por ser nortista, era menos educada do que ela.
Os comentários sobre o programa atual nas redes sociais foram ao auge neste final de semana com a saída de Lucas.
E uma coisa parece certa: a indignação em relação ao grupo que tentou linchar Lucas só faz crescer aqui fora.
O participante foi recebido com palmas e selfie por onde andou depois que saiu da casa, do Aeroporto até sua casa onde recebeu verdadeira ovação dos vizinhos.
Nas redes sociais conseguiu mais 3 milhões de seguidores em menos de 24 horas enquanto Conká e Projota, sobretudo, perdem seguidores a cada dia Lucas, que lutava pelo prêmio para ajudar sua família, não vai ficar desemparado.
Uma vakinha na Internet criada para ajudá-lo teve tantos acessos que o site caiu.
E os agressores podem ser tirados, um a um, do BBB pelo voto popular.
Não pode haver castigo maior para quem foi para o programa em busca de fama.
Ainda bem que, ao contrario do que mostraram os militantes no reality, a sociedade está muito mais evoluída e vem reagindo à altura contra o preconceito dos “ïluminados” participantes do grupo “camarote”.