Como a psicanálise entende as atitudes de certos indivíduos no poder e a desconsideração da lei Por Elizandra Souza, psicanalista, em artigo enviado ao blog Em tempos de pandemia, vemos governantes e autoridades imporem medidas extremas ou negligenciarem atitudes para minimização de uma doença.

Esses comportamentos e obrigações impostas fazem a população se questionar sobre a personalidade das autoridades que estão fazendo uso da lei/ ou da “caneta” para colocar toda sociedade cumprindo seu jogo de satisfação.

Uma das questões que se faz é se a autoridade em questão, que usa de sua posição e poder, é um perverso ou psicopata?

E se for, como podemos sobreviver com mandos e desmandos de pessoas que desconsireram as dores da população, seja pelas mortes, falta de trabalho ou outros problemas emocionais, físicos e psicológicos.

Primeiramente, é importante sabermos que a Psicanálise utiliza o termo perverso.

Psicopata é mais utilizado pela medicina, psicologia e outras ciências sociais.

E como o perverso se comporta na sociedade?

O perverso consegue manipular porque desconsidera o outro e não se angustia com isso, não tem remorso.

Não se inibe, nem se recrimina, pois para isso teria que considerar o outro na relação.

Sua via é de manipulação, para assim, acessar a satisfação.

Para o perverso (ou psicopata), o outro existe somente como possibilidade de uso para sua satisfação.

Por isso, o perverso o manipula.

Dessa forma, o poder (arbitrário) pode ser objeto do perverso.

O perverso precisa de investimento psíquico, intelectual e corporal para manter sua satisfação, por isso, vemos o perverso por vezes como grande articulador, como grande calculista, como grande incitador.

Ou seja, a manipulação é necessária para sustentar seu objeto.

O perverso usa o poder como objeto de uma espécie de satisfação fetichista.

Daí desmente as leis, desmente as normas, desmente a ética.

O poder é o objeto que constitui sua subjetividade e, portanto, sua manutenção é imprescindível.

Os submetidos não percebem sua manipulação porque sua articulação tem caráter de montagem, fazendo o submetido se considerar importante.

Mas o perverso não liga para o submetido, pois o que realmente importa é a manutenção de sua satisfação pelo poder.