Estudo inédito contratado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) junto à Ecconit Consultoria Econômica, mostra que o déficit habitacional do Nordeste é o maior do país.

A região concentra 34,8% da falta de moradias no Brasil e é puxada pela coabitação ocasionada pelo número de famílias conviventes no mesmo imóvel.

O Nordeste sofre com a ausência de 1.550.236 residências para atender a população, considerando apenas o déficit restrito.

Já o déficit ampliado com a soma do ônus excessivo de aluguel (empenho de mais 30% da renda com locação), o total sobe para 2.298.666 de moradias ao se incluir 748.429 unidades habitacionais da categoria do ônus.

O presidente da Abainc, Luiz Antonio França, avalia que, apesar dos números preocupantes, o Nordeste conseguiu reduzir o déficit habitacional em 844 mil moradias entre 2004 e 2019.

Já nas demais regiões, o aumento do comprometimento da renda com aluguel fez o déficit subir em 1,8 milhão de moradias, resultando em um saldo global de 193 mil unidades a menos no déficit nacional. “Ao longo de 15 anos, como mostra o estudo, o país como um todo reduziu o déficit em 2 milhões de moradias, com destaque para o Nordeste, que representou 40% dessa queda.

A redução reflete as políticas públicas de habitação para a população de baixa renda. É preciso reforçar e ampliar programas de habitação para zerar o déficit habitacional brasileiro, bem como focar na redução dos juros atrelados ao financiamento imobiliário”, afirma França.

O estudo foi elaborado com base em dados do IBGE reunidos e analisados pela equipe da Ecconit, que é formadas pelos economistas Robson Gonçalves, Marco Capraro Brancher e Ana Maria Castelo.

Ranking regional O Nordeste, contudo, deixa a liderança do ranking nacional quando observado o déficit ampliado, que inclui o ônus excessivo com aluguel.

No acumulado, a região cai para a segunda colocação, com 29,5% do déficit nacional ampliado, atrás do Sudeste (31,9%).

Já no critério coabitação familiar (mais de uma família divindo o mesmo imóvel ou cômodo), o Nordeste fica em segundo lugar no ranking nacional com 1.093.517 unidades habitacionais compartilhadas - sendo 1.067.677 famílias compartilhando imóvel e 25.841 convivendo no mesmo cômodo.

O Sudeste lidera, com 1.120.186 coabitações (sendo 1.081.975 no mesmo imóvel e 38.211 dividindo cômodos) Em média, o déficit nacional concentra cerca de 97% na população com faixa de renda até 5 salários mínimos, sendo que no Nordeste sobe para 98,3%.

O estado da Bahia lidera no ranking regional, especialmente na faixa de até 5 salários.

Faltam 555.635 unidades habitacionais para atender a população baiana.

Em seguida está o Maranhão (403.635 moradias faltantes); Ceará (335.370 unidades de déficit) e o Pernambuco (236.370 unidades).

Demanda futura O estudo da Abrainc-Ecconit faz uma projeção sobre a formação de novas famílias - incluindo “famílias unitárias”, representada pela crescente parcela de brasileiros vivendo sozinhos.

Entre 2020 e 2030, calcula-se que 11,4 milhões de famílias surgirão.

Este é também o número de morarias que serão necessárias para atender as novas famílias que surgirão na próxima década.

Se cada uma delas demandar um imóvel está será a demanda por moradias em todo o país.

Familiar com renda de até 3 salários mínimos deve responder por 97% das que precisarão de uma nova residência até 2030.

O Nordeste deve demandar 28,5% das moradias necessárias para atender novas famílias.

Isso significa 3,252 milhões de unidade habitacionais na região ao longo da próxima década.

A liderança na demanda será do Sudeste (38,1%), com 4,35 milhão de residências.

A Bahia deve ser o estado nordestino com maior demanda: 872 mil.

Seguido por Pernambuco (597 mil), Ceará (507 mil) e Maranhão (360 mil).