O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, garantiu, em encontro no evento da Amupe, nesta segunda que a vacina fabricada pelo Instituto, em parceria com o laboratório chinês Sinovac, a Coronavac, é segura e é uma das vacinas mais promissoras no combate ao coronavírus.
Ele reclamou ainda das fake news e politização contra a vacina, explorando uma população descrente. “Estão morrendo 600 a 700 pessoas por dia no Brasil e isto é inaceitável”, afirmou.
Paulo Câmara se adianta a Bolsonaro e compra R$ 15 milhões em seringas e agulhas para vacinar pernambucanos na covid A afirmação foi feita em conversa com os prefeitos pernambucanos, em evento realizado pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), no Encontro de Novos Gestores.
No evento, a Amupe disse que gostaria de fazer um acordo para as prefeituras locais.
O dirigente admitiu que sozinho o Butantan não terá capacidade de atender todo o Brasil e será necessário a ajuda de outros laboratórios, de outras vacinas.
Ele calcula que se o Brasil quiser controlar a doença precisará de 360 milhões de doses e é uma das maiores demandas do mundo, ao custo de R$ 20 bilhões. “O Brasil demorou um pouco e apostou em uma única vacina.
Por isto, o governo Federal precisa investir em outras vacinas, como a vacina Butantan contra a Covid.
Com uma união coordenada, embora a gente não tenha certeza com os planos genéricos do Ministério da Saúde.
O tempo está passando e a cada dia vamos ter mais dificuldades de comprar, como aconteceu com os respiradores.
A pressão dos estados e dos municípios, assim, é legítima, diante da calamidade pública”.
No evento, o diretor presidente do Butantan disse que João Doria reservou 4 milhões de doses para os demais estados poderem vacinar os trabalhadores da área de saúde.
Em São Paulo, como haverá ainda idosos e quilombolas e pessoal da saúde, o volume reservado soma outros 9 milhões de doses.
Na palestra, Dimas Covas fez críticas indiretas, mas bastante diplomáticas ao governo Bolsonaro, citando que o Estado de São Paulo tem “encontrado dificuldades” e vê “indefinição” do ministério da Saúde.
Ele disse que São Paulo lançou um programa próprio de vacinação por conta do “descompasso” com a União. “O ideal é que fosse incorporado ao programa nacional de imunização”, afirmou. “Não tem motivo para não ser incorporada ao programa federal”.
Segundo o Butantan, já se tem 1 milhão de doses produzidas, com capacidade de produção de 1 milhão de doses por dia. “Projetamos para o final de janeiro e início de fevereiro, cerca de 46 milhões de doses disponíveis para todo o Brasil.
Esperamos que essa vacina seja incorporada ao programa nacional de imunização, que é o maior programa público no mundo, e não haveria motivo para que com essa vacina fosse diferente”, pontuou Tadeu Covas.
Ele acrescentou que, até maio, pode ofertar 100 milhões de vacinas ao Ministério da Saúde, se um acordo for fechado. “Não está contratado, estamos em tratativas desde setembro, mas ainda não fechamos” O diretor Tadeu Covas fez uma comparação indireta com as congêneres, de outros laboratórios. “Além de segura, a vacina está adequada às condições do Brasil, seja para transporte ou para congelamento. É uma vacina que vai para o mundo, pensada para atingir todos os municípios do Brasil”, frisou.
O diretor presidente do Butantã também respondeu às dúvidas dos prefeitos e prefeitas presentes.
O imunizante pode ficar até 27 em temperatura ambiente.
Questionado sobre a vacina ter “a cara do Brasil”, o diretor afirmou que sim, com a transferência de tecnologia. “Essa vacina é brasileira, está produzida pelo Butantã com a matéria prima que vem da China, da mesma forma que a vacina astrazeneca é feita com matéria prima que vem da China, até o momento em que nós incorporamos a nossa tecnologia.
Então no segundo semestre de 2021, toda cadeia do imunizante será produzida inteiramente no Butantan, a vacina Butantan contra a covid-19”, completou.
A vacina Coronavac ainda aguarda aprovação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
O Encontro de Novos Gestores da Amupe segue amanhã (15), com palestra do reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e participação do governador Paulo Câmara e todo o seu secretariado.