Em entrevista para a CBN Recife, na tarde desta segunda (30), Oscar Barreto, membro do diretório nacional do PT, criticou a ex-candidata Marília Arraes, dizendo que ela já tinha se lançado candidata à governadora em 2022.

Oscar, que foi secretário de Saneamento de Geraldo Júlio no Recife, falou que o PT (e a candidata) teria que “calçar as sandálias da humildade” e buscar uma união do PT com a Frente Popular em todo o país.

Oscar Barreto chegou a culpar a candidatura de Marília pela derrota do PT nas eleições municipais em todo o país.

Entenda a polêmica abaixo O PT de Pernambuco deverá ser reunir ao longo da semana para decidir o posicionamento em relação ao Governo do Estado após a disputa das eleições municipais.

No Recife, a legenda petista acabou derrotada com Marília Arraes pela candidatura de João Campos (PSB).

O prefeito eleito já disse em entrevistas que, em seu governo, “não haverá indicações políticas do PT”.

Os petistas já classificam, nos bastidores, que, com isso, a posição de oposição a João Campos é automática na Câmara de Vereadores do Recife.

O PT elegeu três parlamentares: Liana Cirne, Jairo Britto e Osmar Ricardo.

Este último é próximo ao PSB, enquanto os outros dois são de oposição.

LEIA TAMBÉM: > Marília Arraes critica campanha de João Campos e promete oposição > Vitória de João Campos fortalece provável candidatura de Geraldo Julio a governador em 2022 > Em discurso da vitória João Campos cita o pai, Eduardo Campos O PT ocupa cargos na atual gestão do prefeito Geraldo Julio no Recife.

Até outubro, o partido comandou a Secretaria de Saneamento do Recife com Oscar Barreto (PT), também da ala petista que defendia aliança com o PSB nas eleições municipais.

No âmbito estadual, o PT comanda a Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco com Dilson Peixoto e tem cargos nos segundos e terceiro escalão da gestão estadual.

O partido participou da coligação de 2018 em que Paulo Câmara (PSB) foi reeleito governador e Humberto Costa foi um dos senadores eleitos, junto com Jarbas Vasconcelos (MDB).

FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM Após fazer, no primeiro turno, uma campanha propositiva e explorando a imagem da juventude do candidato João Campos, no segundo turno, o tom mudou no discurso do PSB.

Largando atrás segundo as pesquisas de intenções de voto, o partido adotou como estratégia o antipetismo na capital, sobretudo no eleitorado conservador e da classe média.

Também houve difusão de panfletos apócrifos em frente a igrejas e templos religiosos com mensagens apontando a candidata Marília Arraes como contrária ao cristianismo e contra a Bíblia.

A autoria não foi identificada pela Justiça Eleitoral, mas um juiz eleitoral determinou que a campanha de João Campos se abstivesse de divulgar os materiais e se prontificasse a evitar a sua disseminação pela cidade.

VEJA TAMBÉM: > Bolsonarismo sai derrotado nas eleições do Recife > Derrota em Paulista amplia perdas do PSB na Região Metropolitana do Recife > Filho de Eduardo Campos, João Campos (PSB), aos 27 anos, é eleito prefeito do Recife ‘Práticas bolsonaristas’ Para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), a campanha do PSB no Recife se aproximou de “práticas bolsonaristas”, o que pode levar ao afastamento das legendas no âmbito estadual. “O PSB propiciou a vitória da negação da política.

Isso para um partido que se diz progressista é muito ruim.

O PSB ganhou a eleição utilizando as mesmas praticas bolsonaristas, com gabinete do ódio, fake news, machismo, misoginia.

O PSB só é o que é porque um dia Lula foi presidente e porque um dia o PT assumiu a presidência da República e deu atenção a seus aliados, como o PSB na época”, disse a parlamentar.

Teresa Leitão defendeu que o PT passe a ser oposição ao governo de Paulo Câmara na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde a legenda tem três parlamentares. “Defendo duas posições, a entrega imediata dos cargos, se é que existe ainda, no governo municipal e no governo estadual, e um reposicionamento da bancada do PT na Assembleia Legislativa”, disse. “A agressão e o desrespeito com que João Campos e o PSB trataram o PT e as lideranças petistas extrapolam a convivência politica”, acrescentou Teresa.

Foto: Roberto Soares/Alepe Para o presidente estadual do PT, deputado estadual Doriel Barros, as críticas do PSB ao partido na campanha do Recife deixaram os petistas “indignados”. “Vamos sentar para fazer uma avaliação forte e interna sobre como cada um participou desse processo sempre preservando a história e o legado do PT no Recife e para Pernambuco.

Evidentemente, esses ataques deixaram todos nós indignados e questionamos essa maneira de João Campos de ataque frontal ao PT, principalmente porque o PT que ajudou aqui em Pernambuco muitas vezes o PSB, inclusive, na eleição de Paulo Câmara.

Foram ataques injustos e na política não vale tudo para ganhar a eleição, passou dos limites.

Mas vamos fazer uma avaliação interna e conversar com o governador Paulo Câmara também”, disse Doriel.

O presidente do PT em Pernambuco ainda disse que houve divulgação de notícias falsas na eleição do 2º turno no Recife e associou o método ao estilo do presidente Jair Bolsonaro, em sua avaliação. “Houve fake news, muitas mentiras, houve uma tentativa de trazer a questão da fé, como aconteceu na campanha de Bolsonaro de que o PT era contra a religião e a Bíblia.

São métodos utilizados que foram repudiados não só no PT mas por muita gente que acha que a política não deve ser um vale tudo”, afirmou Doriel Barros.

Foto: Roberto Soares/Alepe