Nem acabou as eleições municipais de 2020 e aliados já falam no lançamento do prefeito Geraldo Julio como candidato ao governo do Estado, em 2022.
Vitória de João Campos fortalece provável candidatura de Geraldo Julio a governador em 2022 Com reprovação elevada, o prefeito foi escondido do palanque do prefeito eleito João Campos, na disputa que se encerrou domingo. “Tem tempo pra reverter”, diz um petista aliado dos socialistas.
Entre aliados da Frente Popular, já se especula até a formação da chapa ao Senado. “É aguardar os próximos capítulos dessa grande novela”, diz um influente partido da base.
Pelas redes sociais, nem bem a refrega acabou, já há cards promovendo o nome do socialista.
Em entrevista para a CBN Recife, na tarde desta segunda (30), Oscar Barreto, membro do diretório nacional do PT, criticou a ex-candidata Marília Arraes, dizendo que ela já tinha se lançado candidata à governadora em 2022.
Oscar, que foi secretário de Saneamento de Geraldo Júlio no Recife, falou que o PT (e a candidata) teria que “calçar as sandálias da humildade” e buscar uma união do PT com a Frente Popular em todo o país.
Oscar Barreto chegou a culpar a candidatura de Marília pela derrota do PT nas eleições municipais em todo o país.
Entenda a polêmica abaixo O PT de Pernambuco deverá ser reunir ao longo da semana para decidir o posicionamento em relação ao Governo do Estado após a disputa das eleições municipais.
No Recife, a legenda petista acabou derrotada com Marília Arraes pela candidatura de João Campos (PSB).
O prefeito eleito já disse em entrevistas que, em seu governo, “não haverá indicações políticas do PT”.
Os petistas já classificam, nos bastidores, que, com isso, a posição de oposição a João Campos é automática na Câmara de Vereadores do Recife.
O PT elegeu três parlamentares: Liana Cirne, Jairo Britto e Osmar Ricardo.
Este último é próximo ao PSB, enquanto os outros dois são de oposição.
LEIA TAMBÉM: > Marília Arraes critica campanha de João Campos e promete oposição > Vitória de João Campos fortalece provável candidatura de Geraldo Julio a governador em 2022 > Em discurso da vitória João Campos cita o pai, Eduardo Campos O PT ocupa cargos na atual gestão do prefeito Geraldo Julio no Recife.
Até outubro, o partido comandou a Secretaria de Saneamento do Recife com Oscar Barreto (PT), também da ala petista que defendia aliança com o PSB nas eleições municipais.
No âmbito estadual, o PT comanda a Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco com Dilson Peixoto e tem cargos nos segundos e terceiro escalão da gestão estadual.
O partido participou da coligação de 2018 em que Paulo Câmara (PSB) foi reeleito governador e Humberto Costa foi um dos senadores eleitos, junto com Jarbas Vasconcelos (MDB).
FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM Após fazer, no primeiro turno, uma campanha propositiva e explorando a imagem da juventude do candidato João Campos, no segundo turno, o tom mudou no discurso do PSB.
Largando atrás segundo as pesquisas de intenções de voto, o partido adotou como estratégia o antipetismo na capital, sobretudo no eleitorado conservador e da classe média.
Também houve difusão de panfletos apócrifos em frente a igrejas e templos religiosos com mensagens apontando a candidata Marília Arraes como contrária ao cristianismo e contra a Bíblia.
A autoria não foi identificada pela Justiça Eleitoral, mas um juiz eleitoral determinou que a campanha de João Campos se abstivesse de divulgar os materiais e se prontificasse a evitar a sua disseminação pela cidade.
VEJA TAMBÉM: > Bolsonarismo sai derrotado nas eleições do Recife > Derrota em Paulista amplia perdas do PSB na Região Metropolitana do Recife > Filho de Eduardo Campos, João Campos (PSB), aos 27 anos, é eleito prefeito do Recife ‘Práticas bolsonaristas’ Para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), a campanha do PSB no Recife se aproximou de “práticas bolsonaristas”, o que pode levar ao afastamento das legendas no âmbito estadual. “O PSB propiciou a vitória da negação da política.
Isso para um partido que se diz progressista é muito ruim.
O PSB ganhou a eleição utilizando as mesmas praticas bolsonaristas, com gabinete do ódio, fake news, machismo, misoginia.
O PSB só é o que é porque um dia Lula foi presidente e porque um dia o PT assumiu a presidência da República e deu atenção a seus aliados, como o PSB na época”, disse a parlamentar.
Teresa Leitão defendeu que o PT passe a ser oposição ao governo de Paulo Câmara na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde a legenda tem três parlamentares. “Defendo duas posições, a entrega imediata dos cargos, se é que existe ainda, no governo municipal e no governo estadual, e um reposicionamento da bancada do PT na Assembleia Legislativa”, disse. “A agressão e o desrespeito com que João Campos e o PSB trataram o PT e as lideranças petistas extrapolam a convivência politica”, acrescentou Teresa.
Foto: Roberto Soares/Alepe Para o presidente estadual do PT, deputado estadual Doriel Barros, as críticas do PSB ao partido na campanha do Recife deixaram os petistas “indignados”. “Vamos sentar para fazer uma avaliação forte e interna sobre como cada um participou desse processo sempre preservando a história e o legado do PT no Recife e para Pernambuco.
Evidentemente, esses ataques deixaram todos nós indignados e questionamos essa maneira de João Campos de ataque frontal ao PT, principalmente porque o PT que ajudou aqui em Pernambuco muitas vezes o PSB, inclusive, na eleição de Paulo Câmara.
Foram ataques injustos e na política não vale tudo para ganhar a eleição, passou dos limites.
Mas vamos fazer uma avaliação interna e conversar com o governador Paulo Câmara também”, disse Doriel.
O presidente do PT em Pernambuco ainda disse que houve divulgação de notícias falsas na eleição do 2º turno no Recife e associou o método ao estilo do presidente Jair Bolsonaro, em sua avaliação. “Houve fake news, muitas mentiras, houve uma tentativa de trazer a questão da fé, como aconteceu na campanha de Bolsonaro de que o PT era contra a religião e a Bíblia.
São métodos utilizados que foram repudiados não só no PT mas por muita gente que acha que a política não deve ser um vale tudo”, afirmou Doriel Barros.
Foto: Roberto Soares/Alepe