Na semana passada, o jornalista Ricardo Leitão, ligado aos socialistas, já havia criticado Marília Arraes em um artigo para o blog reclamando que ela estaria desrespeitando a história de Miguel Arraes.
Marília, respeite Arraes!
Por Ricardo Leitão O artigo teve grande repercussão e o ex-presidente do PT Bruno Ribeiro escreveu um artigo para rebatê-lo.
Ricardo Leitão, respeite Marília, o PT e a si próprio !!
Por Bruno Ribeiro Depois, a irmã do jornalista, a deputada Teresa Leitão, sem citá-lo, saiu em defesa da colega petista em outro artigo, no sábado. ‘Vale tudo ?’ questiona Teresa Leitão, comparando PSB a Bolsonaro Leitão ignorou os dois e voltou à carga, neste domingo, ampliando as críticas à candidata do PT no Recife.
Veja os argumentos abaixo.
Por Ricardo Leitão, em artigo enviado ao blog Na condição de estrela ascendente no cenário nacional, você teria capacidade de enxergar dois palmos à frente.
O que existe lá?
Um partido que perdeu a hegemonia no campo da esquerda, foi derrotado nas capitais e nas grandes cidades do País e agora joga suas derradeiras fichas no Recife.
Você nunca teve ligação histórica ou orgânica com esse partido.
Está filiada a ele por conveniências de interesses: querem vencer a Frente Popular na capital pernambucana.
Depois disso, tenho certeza de que você nem sabe o rumo da prosa.
No entanto, o seu parceiro de oportunismo com certeza sabe. À sua revelia, pretende estacionar na Prefeitura do Recife e transformá-la em base para recompor os cacos e se preparar para a eleição presidencial de 2022.
Qualquer partido tem o direito de buscar o poder.
Mas você tem ideia do tamanho do embrulho em que estão lhe enrolando?
Que a eleição no Recife – cidade diferenciada por sua importância política – está diretamente conectada à sucessão presidencial?
Quando se aprofundarem os entendimentos sobre 2022, será justo e compreensível argumentar que a legenda isolacionista que lhe dá guarida temporária não cabe em uma ampla frente de centro-esquerda, e sem uma frente dessa natureza, Marília, Jair Bolsonaro não será derrotado.
Oportuno lembrar de Bolsonaro.
Nos dois palmos à frente citados no início, você não vislumbrou o trágico contexto nacional, no qual a campanha se desenrola, como se o Recife fosse uma ilha.
Acusa a Prefeitura de não enfrentar com determinação a covid-19, contudo em nenhum momento citou o boicote que a capital sofre do Governo Federal na luta contra a pandemia.
Bolsonaro politizou o enfrentamento da doença e, com isso, aumentou o sofrimento da população brasileira.
Por que você se calou?
Será ele um aliado oculto no desespero de derrotar a Frente Popular?
Pense bem, Marília.
Você foi instrumentalizada, emprestando o seu sobrenome a um projeto de sobrevivência partidária que estreita – nunca alarga – as opções de alianças em 2022.
Mesmo admitindo-se, exclusivamente para fins de raciocínio, sua vitória, o seu partido continuará isolado, resultado de diretrizes equivocadas de seu comando e do desastre das eleições municipais.
Basta, como exemplo, o que disseram as urnas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
E você, Marília, extasiada pelo seu projeto pessoal, não pode evitar nada disso.
Para o partido que lhe dá legenda, você é apenas uma registradora de votos contra a Frente Popular do Recife.
Você, como “liderança”, não tem a mínima capacidade nem a menor possibilidade de ditar os rumos do ajuntamento de forças que agora lhe dá sustentação. É duro, Marília, mas é do jogo.
Desconheço sua reação ao testemunhar o açodamento com que líderes da direita, de todos os matizes, correram para apoiá-la no segundo turno.
Você os acolheu, em nome da “política”.
Respeite a política, Marília, como fizeram seu avô Arraes; seu primo, Eduardo; e milhares que foram perseguidos, presos, torturados, assassinados e exilados, por darem até sua vida pela democracia.
Cogite qual seria a resposta de qualquer um deles quando perguntado se a esquerda devia se juntar à direita para derrotar a Frente Popular do Recife.
Essa aliança espúria foi inaugurada na sua campanha.
Você está errada, Marília, e, deslumbrada, nem sabe disso.
Ou pior: sabe e está totalmente empenhada em derrotar as forças que se recusaram a cevar seus projetos pessoais.
Pense além dos dois palmos.
Os políticos que não são medíocres fazem assim.
Contados os votos do próximo domingo, restarão derrotados e vencedores.
Caso vença, você assumirá a Prefeitura manietada por seus patronos, sem opções além de executar políticas que lhe serão ditadas.
Caso perca, você será apenas um retrato na parede, apontado como imagem de alguém que se deixou levar pela ilusão da vitória, pelo desejo de vingança contra a esquerda e terminou afundando no esquecimento.
A política, Marília, maltrata quem a despreza.
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