O empresário João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM, defendeu o combate às desigualdades e maior protagonismo do Recife nos cenários do Nordeste e nacional, em entrevista à Rádio Jornal nesta quinta-feira (15).
João Carlos Paes Mendonça citou a campanha eleitoral para as eleições municipais de novembro e defendeu a necessidade dos candidatos apresentarem propostas efetivas para os problemas da cidade. “Uma eleição realmente difícil porque estamos com uma série de candidatos sem experiência de gestão, muito politizados os assuntos, candidatos com apoio de 16 partidos, candidatos prometendo muito, o que eu tenho receio, eles têm que saber o que estão prometendo, vamos acompanhar para saber o que estão prometendo se eles vão pagar.
Candidato com 16 partidos não é fácil a negociação.
Estou muito preocupado, um promete IPTU, outro promete um banco para emprestar dinheiro e não fala de como resolver os problemas graves da cidade do Recife”, disse JCPM.
Na entrevista, João Carlos elencou problemas da cidade e citou a questão da habitação, que tem um déficit de 71 mil moradias segundo dados de 2019. “Tenho uma verdadeira preocupação com o que acontece com as palafitas, a pobreza, o esgoto, a falta de água nos morros.
Ao invés de estar pensando em fantasia, teria que estar pensando em como ajudar essa população.
Fiquei muito preocupado com o que vi com o auxílio emergencial atingir números extraordinários de pessoas.
Muito bom que eles receberam em dinheiro, mas é muita gente, mais de 40% das pessoas que residem no recife que não têm renda, têm meio salário ou um salário, foi importantíssimo essa atitude do governo federal, mas o problema continua, tenho impressão que temos que cuidar dessa área social”, disse.
Paes Mendonça também defendeu a necessidade de criação de projetos de geração de emprego e renda e também políticas que tornem o Recife protagonista na região. “Temos que ter projetos que gerem empregos e renda.
Estamos perdendo renda, não temos turismo no Recife, estamos com obras paradas, a iniciativa privada tem dificuldades de aprovação de projetos, você vê o que aconteceu com o novo recife, suspenderam por nada, precisamos mudar, reciclar, transformar Recife.
Recife está geograficamente bem localizada, então acho que tem tudo para gerar desenvolvimento", disse. “É uma cidade que parou no tempo, não é culpa de Geraldo Julio, já vem há mais de 20 anos parando pelo estilo de gestão dos prefeitos da cidade, precisamos mudar essa maneira de gerir a cidade do Recife, que é hoje muito difícil, não sabemos onde arranjar dinheiro com tanta promessa.
Eles talvez não saibam a situação da prefeitura, acho que a Prefeitura tem que dizer o saldo de caixa que tem para que o futuro prefeito cumpra o prometido na sua campanha eleitoral”, reforçou.
João Carlos ainda avaliou que 2021 será um ano difícil do ponto de vista das finanças e da economia e observa que os prefeitos precisarão de parcerias com o governo federal. “Não vai ter recurso no próximo ano para fazer nada.
Não adianta prometer o que está prometendo porque não vai realizar, porque vai depender muito do governo federal, que também não tem dinheiro” Paes Mendonça ainda defendeu na entrevista que o Recife tenha estímulo ao turismo de negócios, a partir da recuperação do Centro de Convenções, localizado no Complexo de Salgadinho, em Olinda. “Hoje não existe praticamente o centro de convenções.
Vai ser muito difícil de recuperar o Centro de Convenções e o prestígio que Recife já teve para esses eventos.
Mesmo ficando em Olinda, Recife se beneficia.
Precisamos atrair o turismo de negócios, que está mais difícil a partir de agora por causa da pandemia, todo mundo aprendeu a fazer suas teleconferências e a reduzir os custos de passagens e hotéis”. “Não temos turismo de negócios, não vem para aqui para depois voltar com a família, temos muitos poucos hotéis, só comparar com Fortaleza, porque perdemos o turismo, Recife é uma cidade linda quando está limpa, e quando tem as pessoas tem problemas da insegurança”, acrescentou.
O presidente do grupo JCPM ainda disse que é preciso criar estratégias para reter turistas no Recife quando eles chegarem a Pernambuco com destinos a praias do Litoral. “Pernambuco e o Recife têm tudo para se tornar um polo enorme de turismo, mas abandonamos, porque hoje em dia tem turismo em Porto de Galinhas, Muro Alto.
Não há turismo para a cidade do Recife.
Quando (o turista) chega no Recife, vai para Porto de Galinhas, não fica aqui.
Precisamos criar uma estrutura para as pessoas ficarem três dias aqui, quatro lá”, disse.
Reformas O presidente do grupo JCPM ainda defendeu a necessidade de realização de reformas no Estado brasileiro.
Na avaliação de Paes Mendonça, a prioridade deveria ser a Reforma Política. “Defendo sempre a reforma política, o senador da república não ganha muito, parece que são 33 mil reais por mês, mas um senador tem direito a 211 mil reais por mês para o gabinete dele que poderá indicar até 50 assessores e ainda tem mais 15 mil reais com outras despesas e tem plano de saúde que pode servir para qualquer hospital do Brasil e talvez do mundo e há retorno dessas despesas.
Depois de aposentado, ele consegue também manter o plano de saúde”, disse. “A reforma política precisa ser urgente.
Não podemos conviver com tantos partidos que estão diminuindo, vão diminuir agora, já estão tomando algumas providências, mas não podemos ter mandatos de oito anos, porque não é mandato de quatro, quando o cidadão é eleito, antes de ser reeleito, já está pensando na reeleição e isso é muito prejudicial à sociedade.
Precisamos ter alternância de poder e precisamos reduzir o número de deputados e senadores e cortar mordomias”, acrescentou João Carlos Paes Mendonça.
João Carlos ainda defendeu a necessidade de realização da reforma tributária no Brasil diante da carga de impostos existentes no país. “É mais fácil se falar na reforma tributária que na reforma política, nunca ouvi um político dizer que precisamos fazer a reforma política.
Temos um excesso de políticos, o Recife tem 39 vereadores praticamente sem oposição, precisamos mudar o que está acontecendo nesse país, não é fácil porque os políticos não querem e isso demora.
Fica uma coxa de retalhos, faz aqui acolá e não se faz uma reforma verdadeira para poder resolver os problemas graves que o país atravessa”, afirmou.
João Carlos Paes Mendonça ainda fez uma ressalva ao trabalho da Câmara dos Deputados e avaliou como bom o trabalho da Casa presidida por Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ao ser questionado sobre as instituições, ele pontuou. “Estou vendo uma confusão muito grande dentro das instituições.
Tem uma disputa dentro do STF e de outros tribunais.
Tem as forças armadas dentro da administração pública, do governo.
O mundo político acho que está passando por um momento difícil apesar do bom trabalho da Câmara Federal liderada pelo presidente Rodrigo Maia tem sido bom até agora e me surpreende porque não é normal.” Interior João Carlos Paes Mendonça, por fim, defendeu ainda a expansão da duplicação da BR-232, que liga a Região Metropolitana do Recife ao Agreste, até o Sertão, mas enfatizou que, inicialmente, a prioridade deve ser a recuperação da rodovia. “Precisamos recuperar a BR-232, ficou abandonada esses anos todos, primeiro era político o assunto porque Jarbas (Vasconcelos) construiu e não deram manutenção.
Agora, Jarbas está no mesmo lado político.
Primeiro tem que consertar essa estrada, está muito ruim, e depois ir entrando no Sertão, por Arcoverde. É desenvolver e fazer concessão.
Precisa acabar essa conversa de não ter concessão”, defendeu, ao enfatizar a necessidade da rodovia ser administrada pela iniciativa privada.