A usina cooperada por 629 fornecedores de cana da Mata Sul (CooafSul), antiga Estreliana, em Ribeirão, após receber autorização da ANP para produzir e negociar etanol, anunciou que decidiu iniciar a moagem nesta quarta-feira (23), em atendimento à solicitação de deputados durante audiência pública da Alepe, realizada ontem na AFCP, no Recife.
Os políticos garantiram que reforçarão o pleito junto ao governo do Estado para que reconsidere a negativa do crédito fiscal para a unidade.
Eles dizem que a ajuda fiscal permitirá que a usina consiga gerar e manter 2,7 mil empregos e R$ 9,5 milhões em ICMS com a produção de etanol Nesta quarta-feira (23), apesar do impasse criado pelo governo estadual ao negar o crédito presumido definido em lei e onde permite a concessão de 18,5% para CooafSul, como já liberado a outras usinas cooperativistas em PE, como a Coaf e a Agrocan desde 2015, os 629 canavieiros da nova cooperativa que arrendou a Estreliana decidiram iniciar a moagem hoje.
Segundo a entidade, eles deram o voto de confiança ao encaminhamento feito por deputados durante uma audiência pública da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), realizada na Associação dos Fornecedores de Cana do Estado (AFCP).
Os deputados pediram à CooafSul a reativação e se comprometeram de juntos, situação e oposição, atuarem politicamente para tentar reverter a negativa em favor da usina cooperada.
A audiência da Comissão de Assuntos Municipais da Alepe foi presidida por Aloísio Lessa e contou com a participação de vários outros deputados, como Clovis Paiva, ex-prefeito de Ribeirão, Antônio Moraes e Henrique Filho.
Marcelo Maranhão, atual prefeito de Ribeirão, além de representantes das secretarias estaduais da Casa Civil, Fazenda e da Agricultura.
O presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, e o presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana, Gerson Carneiro Leão, defenderam a concessão do crédito fiscal para garantir a reativação da Estreliana enquanto CooafSul.
Malaquias Ancelmo, presidente da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB-PE), ratificou o pleito e destacou o papel deste novo ramo de cooperativa para o estado.
Além das autoridades políticas e lideranças das entidades canavieiras e das cooperativas urbanas e rurais pernambucanas, a classe trabalhadora também endossou o apelo para o governador reconsiderar esta questão.
Entre eles, Givanildo Marques, coordenador da Mata Sul da Central Sindical dos Trabalhadores Brasileiros (CTB) e Gilvan Antunis, que é presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de PE (Fetaepe).
O deputado Antônio Moraes lembrou que o crédito fiscal para a cooperativa tem sido benéfico inclusive para estimular a produção de cana dos produtores de assentamentos rurais, como o do Miguel Arraes, na área onde ficava as terras da usina Catende. “Hoje produzem 200 mil ton. de cana para a Agrocan, sem a usina, só produziam 20 mi”, destacou o parlamentar.
Os parlamentares destacaram a geração de emprego quando se estimula uma cooperativa nos moldes da CooafSul. “Não podemos deixar o campo virar pasto.
Acreditamos que o governador achará a solução para a Estreliana.
Somos da base de apoio do governo, mas somos solidários ao setor e esperamos que Paulo Câmara garanta este crédito para CooafSul poder tocar a usina cooperativista pelos próximos 10 anos”, disse o deputado Clovis Paiva, presidente da Comissão do Setor Sucroalcooleiro da Alepe.
O deputado Henrique Queiroz Filho lembrou que a cana em Pernambuco é social, dado ao grande volume de emprego e renda que gera às famílias da Zona da Mata, mas também é lucrativa para os cofres do estado, dado aos recursos gerados com ICMS.
Ele citou o exemplo da Coaf e Agrocan.
Elas empregam cerca de 8 mil pessoas e já geraram R$ 61 milhões em ICMS para o Estado através da produção de etanol, que é mais rentável em tributos para Pernambuco, conforme destacou o presidente da AFCP.
Na última sagra, a Agrocan, segundo revelou Gerson Carneiro Leão, movimentou entre R$ 13 e 14 mi por quinzena, em pagamentos diversos com o funcionamento da unidade. “Sou admirador e defensor do governador Paulo Câmara, mas fico muito triste quando vejo o que está acontecendo em relação à CooafSul”, disse o coordenador da CTB da Mata Sul, solicitando a reconsideração para o caso, tendo o pleito reforçado pelo presidente da Fetaepe e também por líderes de sindicatos rurais de Ribeirão e Gameleira, presentes no evento.
Malaquias disse acredita que o governador deva reconsiderar em favor de uma política moderna.
O deputado Aloísio Lessa, que conhece bem a Coaf e Agrocan, sendo ele um dos primeiros articuladores para sua concretização, ainda no governo de Eduardo Campos quando era secretário, relembrou de toda a trajetória da reativação pioneira dessas duas usinas por este modelo cooperativista a partir do ano de 2014, lembrando inclusive das dificuldades no começo.
Desse modo, juntamente com os demais deputados, ele pediu um voto de confiança ao setor canavieiro, do cooperativismo e dos trabalhadores para que iniciem a moagem na CooafSul de imediato, mesmo enquanto o setor político continuará intermediando pelo crédito baseado na lei vigente “Vamos dar esse voto de confiança ao Poder Legislativo e ao governo, afinal, o governador Paulo Câmara foi o criador dessas leis em defesa do cooperativismo de usinas através dos produtores de cana, como fez com a Coaf e com a Agrocan.
Vamos iniciar a moagem da Estreliana hoje (23), na esperando de que o governo revisará a questão em favor de todos os envolvidos nesta grande cadeira produtiva e benéfica para Pernambuco”, informou José Carlos César, presidente da CooafSul durante a audiência.