Nos dias de hoje, a direita no Estado, especialmente a mais radical, colocou as manguinhas de fora e mostra uma desunião sem precedentes no pleito municipal.
Pois bem. É neste momento que os partidários da direita não se entendem nem entra eles mesmos que o repórter político Sérgio Montenegro lança, esta semana, Queridos Rivais, livro em que conta os bastidores da união por Pernambuco, cuja história acompanhou desde o nascedouro.
Queridos Rivais foi produzido com apoio cultural da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), a partir da pesquisa realizada pelo autor durante a pós-graduação em História e Jornalismo, na Unicap.
A obra está à venda nas livrarias de Pernambuco e também pelo site da Amazon (amazon.com.br).
O livro Queridos Rivais registra os bastidores dessa história, 25 anos depois do seu pontapé inicial, prefaciado pelo cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, e apresentado pelo ex-diretor de redação do Jornal do Commercio, Ivanildo Sampaio. “Eu analiso a trajetória dos personagens sob a maturidade que só o tempo concede”. “União por Pernambuco” Em 1985, após vinte anos de polarização, Arena e MDB apararam arestas e se uniram em torno de um objetivo: pactuar uma saída institucional do regime militar e assegurar a redemocratização do País.
Quase uma década depois haveria uma nova aproximação entre os partidos rivais, desta vez em Pernambuco, onde caciques do PMDB e do PFL vislumbraram a chance de tomar o comando do Estado das mãos do PSB do governador Miguel Arraes, e ainda montar uma estratégia que garantisse a longevidade no poder. “Como repórter da editoria de política do Jornal do Commercio, acompanhei o processo de costuras da aliança desde o início, relatando o primeiro encontro público entre o então governador Joaquim Francisco, líder maior do PFL, e o prefeito do Recife à época, Jarbas Vasconcelos, chefe do PMDB”. “Quando recebi a informação sobre o acordo em curso, duvidei imediatamente.
Acostumado a cobrir intermináveis confrontos entre PFL e PMDB, jamais teria imaginado a possibilidade.
Eram a esquerda e a direita, óleo e água.
Ainda por cima em Pernambuco, onde acirramento político é regra.
Mas a fonte da informação era sólida, e decidi investigar”, conta Sérgio Montenegro.
O repórter testemunhou pessoalmente o almoço promovido pelo então deputado federal pefelista José Mendonça, em sua fazenda na cidade de Belo Jardim, em torno dos dois caciques partidários. “Estava deflagrado o processo da inacreditável aliança e, de quebra, garantido um histórico furo de reportagem para o JC.
Pouco tempo depois, pefelistas e peemedebistas já dividiam o mesmo palanque e o mesmo discurso, sobre a necessidade de conquistar o poder no Estado para soerguê-lo economicamente.
O que terminaria acontecendo em poucos anos”, diz. “Era preciso oferecer uma justificativa plausível para essa guinada política ao eleitor pernambucano, testemunha de duríssimos embates entre os dois lados, e acostumado a tomar partido de um deles.
O argumento da aliança baseada no desenvolvimentismo caiu como uma luva, em um Estado carente em diversas áreas, mas, acima de tudo, na economia”.
O período em que governaram juntos e afinados, sob a liderança inabalável do peemedebista Jarbas Vasconcelos, só seria interrompido em 2006 pelo neto de Arraes, Eduardo Campos, que derrotou os aliados e elegeu-se governador do Estado.
Quem é o autor Sérgio Montenegro é jornalista e consultor de estratégias em comunicação, pós-graduado em História Política e mestrando em Comunicação Política.
Atua no jornalismo local há mais de três décadas, tendo exercido os cargos de repórter, colunista, articulista e editor, a maior parte no Jornal do Commercio, com passagens também pelo Diario de Pernambuco e Rádio CBN. É autor do livro Um político da cidade antiga, e coautor dos livros Na Trilha do Golpe – 1964 revisitado e A Nova República, visões da redemocratização.