Um pesquisa do Instituto Locomotiva investigou o impacto da Covid-19 no humor, no bolso e na perspectiva de futuro da população.
De modo geral, eles disseram que encontraram o perfil de alguém que confia em sua capacidade de construir o futuro, mas desconfia do futuro do país.
Um consumidor mais conectado, mais consciente e disposto a gastar menos do que antes.
Um sujeito que, mesmo com o fim do isolamento social, ainda por um tempo vai evitar aglomerações e adotar o uso do álcool em gel e máscara.
E um ser humano mais próximo da família e mais generoso.
De acordo com os organizadores, esse é o brasileiro que deve sair da pandemia, de acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva. “Encontramos um otimista cauteloso.
Uma pessoa que chama para si a responsabilidade pela melhora da própria vida”, diz Renato Meirellles, presidente do Locomotiva. “Temos um novo normal em construção e a única certeza é que nada será como antes”.
O levantamento investigou os impactos da Covid-19 no humor, no bolso, nos hábitos e na perspectiva de futuro dos brasileiros.
Para grande parte da população, a pandemia significou uma espécie de freio de arrumação. 88% acham que a vida pós-pandemia será diferente.
Essa nova vida está em construção e dependerá, principalmente, do esforço individual: 61% se dizem otimistas em relação ao seu futuro, ao mesmo tempo em que 39% dos entrevistados se mostram pessimistas com as perspectivas do Brasil. “É um cidadão que está descrente das instituições, das lideranças e, exatamente por isso, imagina que o seu futuro será melhor do que o do país em que vive”, explica Meirelles.
Outro dado eloquente: metade dos entrevistados afirmou que deixaria o Brasil se pudesse.
Quanto às finanças, a pandemia provocou um estrago considerável, mesmo com a chegada do auxílio emergencial.
Mais da metade dos entrevistados, 55%, declaram que a sua renda pessoal diminuiu no período.
E 47% dizem estar com as contas atrasadas - quanto menor a renda, maior a inadimplência.
E não há ilusão.
Quase a metade dos brasileiros, 49%, acham que a crise econômica só será superada em 2022.
De acordo com a pesquisa, há também um consumidor mais consciente.
Meirelles diz que a pandemia provocou uma alfabetização digital à fórceps de parte da população brasileira.
A Internet se consolidou não apenas como um canal de vendas, mas como uma ferramenta de relacionamento entre o consumidor e as marcas.
Dispositivos digitais permitem comparar mais facilmente preços e produtos.
Essa comodidade, aliada ao dinheiro curto, explica porque 39% dos entrevistados garantirem que pretendem comprar menos do que antes.
Medidas para evitar o contágio do novo coronavírus devem seguir fazendo parte dos hábitos do brasileiro mesmo depois do fim do isolamento social: 49% pretendem seguir usando máscara e 61% dizem que vão evitar aglomerações por algum tempo.
E 53% pretende adotar o uso de álcool em gel para sempre.
Se há uma certeza, é o fato da Covid-19 ter provocado uma ressignificação das relações pessoais, com a valorização dos vínculos familiares e da generosidade.
Praticamente todos os entrevistados, 99%, pretendem continuar cuidando mais dos seus no pós-pandemia.
E 59% acham que seremos mais solidários. “É um senso de solidariedade que não era visto no país desde da campanha contra a fome, liderada pelo Betinho”, lembra Meirelles.
A pesquisa do Instituto Locomotiva foi realizada nos dias 14, 15 e 16 de agosto, em 72 cidades em todos os estados da federação.
Foram no total 2.432 entrevistas por telefone, com homens e mulheres eleitores, de 16 anos ou mais, das classes A, B, C e D.
A margem de erro é de 1,9 pontos percentuais.