Veja a nota oficial do grupo Um grupo de religiosos, católicos e evangélicos, se reuniu diante de um hospital no Recife (PE) para protestar contra a interrupção da gestação de uma criança, de apenas dez anos, estuprada por seu tio.
Junto com parlamentares como os deputados Clarissa Tércio, do PSC e Joel da Harpa, do PP, que participaram do ato, hostilizaram a criança, os familiares e os profissionais de saúde.
Cobramos que os envolvidos nesse episódio sejam investigados e, em caso de crimes, punidos.
Mesmo tendo autorização judicial para realizar o procedimento e, ainda que o Código Penal, desde 1940, garanta a interrupção segura da gravidez à mulher violentada, os religiosos gritavam “assassina” e oravam para que o aborto não fosse executado, segundo o noticiário.
Clarissa Tércio pediu na Justiça interrupção de aborto legal no Recife. ‘Capita Michele Collins aciona Ministério Público sobre aborto em menina de 10 anos em Recife Sara Winter expõe nome de menina de 10 anos estuprada e endereço de hospital no Recife Com seus gritos também perturbaram mulheres grávidas em um momento de alta fragilidade e culparam uma criança, sem maturidade fisiológica e emocional e que vinha sendo estuprada nos últimos 4 anos.
Em nenhum momento os gritos se voltaram contra o estuprador.
Em nenhum momento se apiedaram dessa criança, há tanto tempo violentada no corpo e na alma.
Lembramos que Jesus só demonstrou desprezo pelos fariseus, porque eles colocavam seus valores acima do amor.
Todas as vezes que eles tentavam vencer Jesus com argumentos, eram destroçados pela inteligência do Mestre.
Nossa oração é que a graça e a misericórdia Dele alcancem essa garota que precisa do conforto espiritual num momento tão duro, ainda no início de sua vida.
E que a Igreja seja um local de conforto e não de julgamento para ela e seus familiares.
Os que escolheram jogar pedras estão indo contra a palavra de Deus, pois atacam uma criança ao invés de acolher como fez nosso Mestre.
Que a justiça se encarregue de julgar essas pessoas por expor uma menor de idade a essa tortura psicológica.
A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito é solidária à criança de dez anos e sua família, vitimas de imensurável dor.
E entende que é direito, protegido pela Lei e por decisão judicial, a interrupção da precoce gravidez, resultado do crime de estupro.
Condenamos também que políticos, em especial os ligados às bancadas religiosas, e influenciadores digitais usem o episódio para disseminar o ódio, colocando culpa e mais dor sobre a vítima.
Situação estável da menina O estado de saúde da criança capixaba de 10 anos que passou pelo procedimento de aborto legal, autorizado pela Justiça, no Recife está estável nesta segunda-feira (17), de acordo com o Centro Integrado Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (Cisam/UPE), nesta manhã, por meio de nota.
A cirurgia foi concluída na tarde desse domingo (16).
A menina, que engravidou após ser estuprada pelo tio desde os 6 anos na cidade de São Mateus, precisou viajar do Espírito Santo para interromper sua gestação.
O procedimento foi autorizado judicialmente na sexta-feira (14), mas os médicos do estado capixaba optaram por não realizá-lo.
Por isso, a paciente foi encaminhada ao Cisam, no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife.
A transferência da menina deveria ter acontecido em sigilo, mas o nome do hospital vazou e foi divulgados na internet. “O Centro Integrado Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (Cisam/UPE) informa que o procedimento foi realizado e a paciente segue estável.” Entenda o caso A autorização para o aborto legal da garota de dez anos foi dada pela Vara da Infância e da Juventude da cidade de São Mateus.
No despacho, o juiz determinou que a criança fosse submetida ao procedimento de melhor viabilidade e o mais rápido possível para preservar a vida dela.
O caso foi descoberto quando a menina deu entrada no dia 8 de agosto no Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus, com sinais de gravidez.
A garota estava se sentindo mal e a equipe médica desconfiou da barriga “crescida” da menina.
Ao realizar exames, os enfermeiros descobriram que ela estava grávida de três meses.
Em conversa com médicos e com a tia, a criança confidenciou que o tio a estuprava desde os seis anos e que nunca contou aos familiares porque era ameaçada.
O homem fugiu depois que a gravidez foi descoberta.