Durante sessão remota da Câmara do Recife desta segunda-feira (17), a vereadora Aline Mariano (PP) defendeu a criação de uma comissão para apurar e punir os responsáveis pelo vazamento de informações acerca da criança capixaba de 10 anos que chegou ao Recife grávida de 22 semanas.

A menina, estuprada pelo próprio tio, foi transferida do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, em Vitória, para o Cisam, no Recife, depois que a unidade de saúde capixaba negou o pedido de realização de aborto.

Clarissa Tércio pediu na Justiça interrupção de aborto legal no Recife. ‘Capital do aborto’ Michele Collins aciona Ministério Público sobre aborto em menina de 10 anos em Recife Sara Winter expõe nome de menina de 10 anos estuprada e endereço de hospital no Recife “É um absurdo a exposição ao qual essa criança está sendo submetida.

Além de ter sido estuprada pelo próprio tio e ter uma gravidez de risco, uma multidão vai para a frente do Cisam para fazer manifestações que não ajudam em nada.

Não estão pensando na criança.

Me solidarizo também com os profissionais de saúde que foram xingados e acuados.

Querem fazer política com uma questão delicada para essa menina, para a família dela e tentaram desestabilizar a administração do Cisam.

Vamos formalizar a criação de uma comissão para apurar e punir os responsáveis pelo vazamento das informações acerca desse caso.” Sobre a polêmica envolvendo o aborto já autorizado pela justiça, a vereadora se posicionou favorável ao cumprimento da legislação brasileira. “A gravidez foi interrompida com todo o profissionalismo reconhecido nacionalmente pelo Cisam e a garota está bem.

A lei brasileira permite que um aborto seja realizado por meio do serviço público de saúde no caso de a gravidez ser resultado de um estupro, assim como em situação de risco para mãe ou de anencefalia.

O hospital cumpriu a lei e não há o que discutir.

Agora é cuidar dos danos psicológicos e físicos sofridos por essa criança e cobrar punição severa para o estuprador.”, afirmou.

Situação estável da menina O estado de saúde da criança capixaba de 10 anos que passou pelo procedimento de aborto legal, autorizado pela Justiça, no Recife está estável nesta segunda-feira (17), de acordo com o Centro Integrado Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (Cisam/UPE), nesta manhã, por meio de nota.

A cirurgia foi concluída na tarde desse domingo (16).

A menina, que engravidou após ser estuprada pelo tio desde os 6 anos na cidade de São Mateus, precisou viajar do Espírito Santo para interromper sua gestação.

O procedimento foi autorizado judicialmente na sexta-feira (14), mas os médicos do estado capixaba optaram por não realizá-lo.

Por isso, a paciente foi encaminhada ao Cisam, no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife.

A transferência da menina deveria ter acontecido em sigilo, mas o nome do hospital vazou e foi divulgados na internet. “O Centro Integrado Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (Cisam/UPE) informa que o procedimento foi realizado e a paciente segue estável.” Entenda o caso A autorização para o aborto legal da garota de dez anos foi dada pela Vara da Infância e da Juventude da cidade de São Mateus.

No despacho, o juiz determinou que a criança fosse submetida ao procedimento de melhor viabilidade e o mais rápido possível para preservar a vida dela.

O caso foi descoberto quando a menina deu entrada no dia 8 de agosto no Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus, com sinais de gravidez.

A garota estava se sentindo mal e a equipe médica desconfiou da barriga “crescida” da menina.

Ao realizar exames, os enfermeiros descobriram que ela estava grávida de três meses.

Em conversa com médicos e com a tia, a criança confidenciou que o tio a estuprava desde os seis anos e que nunca contou aos familiares porque era ameaçada.

O homem fugiu depois que a gravidez foi descoberta.