Nesta terça-feira (11), o blog mostrou que o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE), pré-candidato a prefeito do Recife, criticou a suposta desvalorização por parte do Governo de Pernambuco em relação ao acervo de obras do artista Abelardo da Hora.
Em nota enviada ao blog, o jornalista Evaldo Costa rebateu Túlio Gadêlha e classificou o pré-candidato como “desinformado” em relação ao acervo de obras de Abelardo da Hora. > Túlio Gadêlha usa obras de Abelardo da Hora para criticar governo Paulo Câmara Veja a íntegra da manifestação de Evaldo Costa: “Lamentavelmente, o deputado Túlio Gadelha acaba de desperdiçar uma excelente oportunidade de fazer algo útil para a sociedade.
No caso, o melhor que ele poderia fazer era ficar quieto em seu canto, escapando de passar pela vexatória situação de quem sai por aí falando sobre coisas que desconhece.
Está no blog de Jamildo que o nobre deputado fez uma visita à casa de Abelardo da Hora e de lá saiu apressado, com uma câmera lotada de imagens nas quais aparece conversando e observando obras de arte.
Saiu também – ora vejam só - pedindo para que o acervo de Abelardo da Hora não seja doado ao estado da Paraíba…
Mas, como assim???
Até os brincantes dos maracatus esculpidos por Abelardo sabem que em abril de 2018 alguns destes mesmos familiares do mestre - que agora pedem para o acervo não ir para a Paraiba - foram pessoalmente no nosso querido vizinho estado entregar as peças ao então governador Ricardo Coutinho, como mostra o link a seguir: Atente para este trecho da notícia, que cita nota oficial divulgada por aqueles mesmos familiares de Abelardo: “A doação mantém viva a fraternidade entre os dois estados - irmãos culturais - pois, da mesma maneira que Pernambuco abriga, mantém, preserva e divulga a obra e a memória do paraibano Ariano Suassuna, a Paraíba abrigará, manterá, preservará e divulgará a obra e a memória do pernambucano Abelardo da Hora.
Não há, portanto, nenhum prejuízo para a cultura de nenhum dos dois estados, nem para a cultura nordestina”. (Nunca se viu comparação mais sem sentido.
Ariano é um paraibano que viveu quase toda a sua vida em Pernambuco.
E Abelardo, apesar de ter parentes paraibanos, foi, sempre, morador do Recife).
Certamente, o deputado Túlio Gadelha andava desatento quando estas notícias foram publicadas.
Ele também deixou de tomar conhecimento da iniciativa do governo de Pernambuco de não apenas agir para manter acervo artístico tão importante no estado, mas também para lhe dar destinação nobre.
Na comprida mesa da sala de jantar da casa onde Abelardo da Hora viveu e criou sua obra monumental foi proposto pelo governo que o conjunto de peças do mestre se tornasse acervo permanente do segundo módulo do Museu Cais do Sertão, onde, inclusive, seria reconstruída a Casa de Abelardo tal e qual ela era na Rua do Sossego.
Como eu sei disso?
Entre outras coisas, porque estava lá.
Participei de todas as conversas, porque recebi a incumbência do governador Paulo Câmara de, juntamente com o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, negociar com familiares de Abelardo da Hora a permanência das obras no Estado..
Tivemos, na ocasião, pelo menos três reuniões na casa-ateliê de Abelardo.
Na última delas entregamos uma carta formalizando a proposta e ainda assumindo o compromisso de contratar o serviço de restauração completa do acervo.
A carta é um documento público e teve divulgação na época.
Como membro da equipe do Governo, lamentei a decisão decisão tomada pela família na época, de rejeitar a oferta feita pelo governo de Pernambuco.
Rejeitar sem nem mesmo dizer porque.
Apenas anunciando a doação à Paraíba.
Abelardo Hora é um artista do Recife.
Sua obra tem cheiro de mangue e maresia.
Tudo o que fez – os miseráveis meninos do Recife(!), as mulheres voluptuosas, os brincantes, até mesmo os flagelados da seca – tudo tem a ver com a cidade onde viveu e exerceu grande influência não apenas artística, mas também política e social.
Qualquer lugar do mundo fica melhor se é possível ter uma peça – gravura, desenho, pintura ou escultura – de Abelardo da Hora por perto.
Mas não tenho nenhum temor em dizer que Abelardo desaprovaria completamente a transferência do que fez de melhor para João Pessoa.
Nada contra a capital do estado onde nasci, e que, sem dúvidas, ganharia com esculturas de Abelardo da Hora em seus museus ou praças públicas.
Desde que fossem algumas peças, jamais todo o acervo!
Simplesmente por ser impossível enquadrar aquela obra em lugar onde não há maracatu, nem caboclinho, nem nada parecido com o contexto que a gerou.
Em João Pessoa Abelardo estaria exilado.
Mas isso é outra discussão.
O que os familiares de Abelardo da Hora decidem ou deixam de decidir é com eles.
O importante aqui é alertar, cordialmente, o deputado Túlio Gadelha para ter mais cuidado quando quiser ter opinião sobre alguma coisa.
Estudo e cautela não fazem mal a ninguém.”