Mais da metade das empresas que estavam fechadas na primeira quinzena de junho não vão reabrir. É o que mostra a pesquisa do IBGE divulgada nesta quinta-feira.
Um total de 1,3 milhão de empresas estavam com atividades encerradas nesse período temporária ou definitivamente.
Dessas, 716 mil não voltarão à ativa.
Entre 1,3 milhão de empresas que na primeira quinzena de junho estavam com atividades encerradas temporária ou definitivamente, 39,4% apontaram como causa as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus.
Esse impacto no encerramento de companhias foi disseminado em todos os setores da economia, chegando a 40,9% entre as empresas do comércio, 39,4% dos serviços, 37,0% da construção e 35,1% da indústria.
Entre 2,7 milhões de empresas em atividade, 70% reportaram que a pandemia teve um impacto geral negativo sobre o negócio e 16,2% declararam que o efeito foi pequeno ou inexistente.
Por outro lado, 13,6% afirmaram que a pandemia trouxe oportunidades e que teve um efeito positivo sobre a empresa.
Por segmento, o maior percentual de empresas em que a Pandemia tem tido efeito negativo está no setor de Serviços (74,4%), seguido por Indústria (72,9%), Construção (72,6%) e Comércio 65,3%.
Pequenas empresas foram mais atingidas pela queda nas vendas Para sete em cada dez empresas em atividade, a pandemia implicou diminuição sobre as vendas ou serviços comercializados na primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior ao início da pandemia.
O impacto foi maior entre as companhias de pequeno porte, com até 49 funcionários, em que 70,9% reportaram redução nas vendas.
Mas também foi percebido por 62,9% das empresas do porte intermediário (entre 50 e 499 pessoas ocupadas) e 58,7% das empresas de maior porte (acima de 499 funcionários).
Entre os setores, a redução nas vendas foi maior na construção (73,1%) e nos serviços (71,9%), especialmente os serviços prestados a famílias (84,5%) e no comércio (70,8%) com destaque para a comercialização de veículos, peças e motocicletas (75,5%).
Na indústria 65,3% das empresas reportaram redução nas vendas.
Cerca de 60% das empresas relataram maior dificuldade na capacidade de fabricar produtos e de atendimento aos clientes durante a primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior ao início da pandemia – reportado por 67,2% das empresas do comércio, 65,5% da construção e 59,5% dos serviços.
Outras 60,8% revelaram ter tido dificuldade no acesso aos fornecedores, com impacto maior no comércio (74,0%) especialmente na comercialização de veículos, peças e motocicletas (87,4%).
Na indústria, esse impacto foi reportado por 62,7% das empresas em funcionamento.
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil Para 63,7% das empresas foi difícil realizar pagamentos Para 63,7% das empresas em atividade houve dificuldades em realizar pagamentos de rotina em relação ao período anterior a pandemia, sendo que essa dificuldade atingiu 64% das empresas menores e 35,6% das de maior porte. “Essas dificuldades foram bastante disseminadas pelos setores, chegando a sete em cada dez empresas do comércio, e seis em cada dez da indústria e dos serviços.
Mas vale ressaltar que 33% do total de empresas em operação não reportaram alteração significativa, ou porque já conseguiram retomar suas atividades e receitas ou tinham uma boa reserva e continuam com fluxo financeiro para realizar os pagamentos”, destaca o Coordenador de Pesquisas Estruturais e Especiais em Empresas, Flávio Magheli.
Linha de crédito para a folha salarial chega a 13% das empresas A pesquisa também revela que a crise causada pela pandemia obrigou as empresas a tomar uma série de decisões sobre seus empregados.
Cerca 60% das empresas em funcionamento mantiveram o número de funcionários na primeira quinzena de junho em relação ao início da pandemia.
Dentre as que reduziram o número de pessoal ocupado, 37,6% reportaram uma redução inferior a 25% do pessoal e 32,4% uma redução entre 26% e 50% do número de pessoal ocupado. “Não ocorreu alteração significativa no quadro de funcionários em relação ao início da pandemia, na construção, no comércio, na indústria e no atacado.
Mesmo as pequenas empresas sinalizaram que mantiveram o quadro de funcionários, o que pode estar relacionado ao fato de terem colocado as pessoas em trabalho remoto ou terem obtido alguma linha de financiamento.
O fato é que não houve uma queda acentuada na ocupação como num primeiro momento se esperaria”, diz Magheli.
Das 12,7% empresas que relataram ter conseguido uma linha de crédito emergencial para realizar o pagamento da folha salarial dos funcionários, 67,7% indicaram que esta ação foi possível com o apoio do governo.
Outras 44,5% empresas afirmaram ter adiado o pagamento de impostos, desde o início da pandemia, em que mais da metade (51,9%) sinalizaram ter tido apoio da autoridade governamental para adoção dessa medida.
Cerca de 90% das empresas em funcionamento consultadas realizaram campanhas de informação e prevenção e adotaram medidas extras de higiene nas suas atividades, sendo que 38,4% adotaram trabalho domiciliar para os funcionários e 35,6% anteciparam férias. 32,9% das empresas alteraram o método de entrega de seus produtos ou serviços Houve mudanças também na oferta de produtos e serviços: 32,9% das empresas relataram ter alterado o método de entrega de seus produtos ou serviços; incluindo a mudança para serviços online e 20,1% relataram ter lançado ou passado a comercializar novos produtos e/ou serviços na primeira quinzena de junho, em relação ao início da pandemia.