Por Larissa Lira A atualização do mapeamento do coronavírus em Pernambuco, desenvolvido pelo Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social (Cieg), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), observou um aumento da contaminação em 20 cidades pernambucanas, com destaque no Agreste do Estado.

Santa Cruz do Capibaribe, Brejo da Madre de Deus, Cupira, Belo Jardim, Pesqueira e Bezerros foram os seis municípios com a maior variação no número de casos.

Se antes a quantidade de diagnósticos positivos da doença estavam distribuídos em áreas ao norte da Região Metropolitana do Recife, Agreste e Sertão.

Agora há uma nítida concentração no entorno de Caruaru.

O principal exemplo é a cidade de Santa Cruz do Capibaribe, que lidera com 564 novos casos.

Até o último dia 16, eram 24 casos.

Um aumento de 2.250%.

Para o pesquisador da Fundaj e coordenador responsável pelo painel do Cieg, Neison Freire, as condições e dinâmicas do polo têxtil podem estar relacionadas à elevação. “Há intenso fluxo no comércio, que mescla varejo e atacado.

O cluster conecta várias cidades do interior não só de Pernambuco, mas de estados vizinhos como a Paraíba, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará e Piauí”, observa.

Os demais destaques do Agreste a ocupar o ranking são Brejo da Madre de Deus, variando de 12 para 275 casos (2.192%); Cupira, de 18 para 302 casos (1.578%); Belo Jardim, de 37 para 488 casos (1.219%); Pesqueira, de 24 para 270 casos (1.025%) e Bezerros, de 44 para 360 casos (719%).

Sertão As variações apontam também o surgimento de novos casos no Sertão de Pernambuco, onde a contaminação ainda é menos acentuada.

A exemplo do município de Santa Cruz da Baixa Verde, que variou de 1 para 6 casos (500%); Afogados da Ingazeira, de 3 para 10 casos (234%), Bodocó, de 2 para 6 casos (200%) e Flores, de 1 para 3 casos (200%).

O mapeamento do Cieg analisa os números de casos confirmados ao longo dos 184 municípios analisados.

Assim como no último levantamento, a cidade de Manari (21.434 habitantes), no Sertão do Moxotó, é o único sem registro de casos confirmados.

Completam a lista de variações São Joaquim do Monte (700%), Toritama (586%), São Bento do Una (565%), Agrestina (552%), Caruaru (500%), Bonito (379%), Jupi (250%), Lagoa do Ouro (200%), Casinhas (175%), Gravatá (174%). “As velocidades são diferentes.

Foi muito mais rápida a contaminação e difusão do vírus na RMR, onde há uma concentração e densidade populacional muito maior, o que varia no Agreste.

Já no Sertão ela é mais lenta em virtude da distância entre cidades pequenas e trocas menos intensas de comércio”, explica Freire.

Pico da doença No entanto, os pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco apontam que o pico da pandemia nas regiões Agreste e Sertão ainda está por vir.

Diferente do que apontam os dados da Região Metropolitana do Recife.

Apesar do documento refletir uma tendência na queda dos números de novos casos confirmado e óbitos em Pernambuco, é difícil falar em “queda sustentável” pela flutuação ascendente e descendente nos gráficos.

De certo, está claro que as ondas de contaminação avançam da Região Metropolitana do Recife rumo ao interior do Estado.

Para driblar a defasagem dos dados publicados pela SES-PE, os sites das prefeituras locais e portais de notícia também estão sendo monitorados.

A pesquisa teve início em 17 de março e já foram publicados mais de 200 mapas.