Por Larissa Lira, com informações do Estadão Conteúdo A posse do novo ministro da educação Carlos Alberto Decotelli foi adiada pelo governo de Jair Bolsonaro depois de reveladas incoerências em seu currículo.

A cerimônia estava marcada para esta terça-feira (30), às 16 horas, mas, segundo o jornal O Estado de S.

Paulo, o Planalto já avisou que ela não ocorrerá nesta data.

Depois das denúncias sobre seu doutorado e mestrado, o governo está repensando se vai manter Decotelli no cargo.

O próprio grupo militar que indicou o ex-professor está constrangido porque foi surpreendido pelos problemas acadêmicos e está avaliando a repercussão do caso.

Ele também perdeu o apoio que tinha entre professores da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Enquanto isso, alas mais ideológicos estão fortemente tentando derrubá-lo antes mesmo de tomar posse.

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Por Antônio Campos Sua nomeação foi publicado no Diário Oficial depois do nome anunciado.

Durante o fim de semana, a crise aumentou e Decotelli chegou a divulgar uma carta mencionando que sua tese de doutorado não teve a defesa autorizada. “Seria necessário, então, alterar a tese e submetê-la novamente à banca.

Contudo, fruto de compromissos no Brasil e, principalmente, do esgotamento dos recursos financeiros pessoais, o ministro viu-se compelido a tomar a difícil decisão de regressar ao país sem o título de Doutor em Administração”.

Ele também afirmou que iria revisar o trabalho de mestrado na FGV.

Informações questionadas Desde que foi anunciado como novo ministro da Educação, Decotelli passou a ter as informações de seu currículo questionadas.

Ao anunciar o sucessor de Abraham Weintraub na pasta, o presidente Jair Bolsonaro mencionou a formação do professor: “Decotelli é bacheral em Ciências Econômicas pela Uerj, Mestre pela FGV, Doutor pela Universidade de Rosário, Argentina, e Pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, escreveu nas redes sociais na quinta-feira (25).

No dia seguinte, o título de doutor do novo ministro da Educação foi questionado por Franco Bartolacci, reitor da Universidade Nacional de Rosário, que disse que Decotelli não conclui o doutorado. “Cursou o doutorado, mas não o concluiu, pois lhe falta a aprovação da tese.

Portanto, ele não é doutor pela Universidade Nacional de Rosário, como chegou a se afirmar " O ministro inicialmente negou a declaração de Bartolacci e chegou a mostrar certificado de conclusão de disciplinas à reportagem. “É verdade.

Pergunte lá para o reitor”, disse Decotelli na sexta-feira ao Estadão.

Questionado se havia defendido a tese, requisito para obter o título de doutor, o ministro não respondeu.

No fim do dia, o novo titular do MEC atualizou o seu currículo na plataforma lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Ele passou a declarar que teve “créditos concluídos” no curso de doutorado, em 2009.

No campo relacionado ao orientador, o ministro assinalou: “Sem defesa de tese”.

No sábado (27) a dissertação de mestrado do ministro também foi colocada sob suspeita após o economista Thomas Conti apontar, no Twitter, possíveis indícios de cópia no trabalho, de 2008.

Ele citou trechos na dissertação idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A FGV informou que vai investigar a suspeita de plágio.

O pós-doutorado na Alemanha também passou a ser debatido após a universidade fornecer informações diferentes das que constam no currículo do ministro. “Tem um simbolismo muito grande ele ter sido desmentido por duas universidades estrangeiras e ainda tem problemas no mestrado”, diz deputado estadual e secretário-geral da Frente Parlamentar Mista de Educação, Israel Batista (PV-DF).

Segundo ele, vários deputados da Frente consideraram esperar a situação do ministro para convidá-lo para uma conversa na Câmara A comissão de Educação da Câmara também está reavaliando o convite para a participação do ministro, marcada para quinta-feira.