Por André Eler, da BITES, em informe ao blog Em 24 de abril, quando o ministro Sergio Moro deixou o governo, o presidente Jair Bolsonaro fez 11 posts em seus perfis oficiais nas redes sociais e, como o esperado, a sua audiência reagiu compartilhando, comentando, curtindo e republicando os tweets.
Nesse dia foram 3 milhões de interações.
O presidente seguiu as regras do seu manual de relacionamento com os fãs e entregou o que eles queriam: polêmica e um adversário para ser atacado.
Desde então, como mostra o Sistema Analítico BITES, Bolsonaro só superou esse desempenho em 22 de maio e 08 de junho.
No restante do tempo ficou abaixo do teto de Moro.
Mesmo assim, ele alcançou nesse intervalo 112 milhões interações.
Bem acima dos 3,2 milhões do presidente da França, Emmanuel Macron, e do presidente argentino Alberto Fernández (2 milhões).
Nos últimos dias, a partir da quinta-feira,18, após a prisão Fabrício Queiroz, há uma desaceleração nas interações nas redes do presidente da República.
Nesse dia, o presidente fez 16 posts e alcançou 952 mil interações.
Mesmo sendo um número expressivo significa uma queda de 68% quando se compara com a saída de Moro, que também fez o ex-chefe perder seguidores (56 mil) pela primeira vez desde julho de 2017.
Esse fenômeno não se repetiu com Queiroz, mas indica que os aliados do presidente precisam de tarefas para executar.
Sem essas missões, eles se dispersam ou silenciam.
O gap de engajamento também contribuiu para o crescimento das críticas à gestão, que conquistou seu segundo pico de hashtags negativas sobre Bolsonaro desde o começo da pandemia em março (foram 74.128 mensagens favoráveis e 1.398.228 contrárias no dia do caso Queiroz).
O presidente começa a perder engajamento no contexto de Queiroz ao mesmo tempo em que o procurador do MPF Deltan Dallagnol promove a Lava Jato sugerindo ‘imparcialidade’ na investigação sobre o ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
Mesmo com uma tentativa de ‘manifestação’ pró-governo no último domingo (21) e a promoção de pautas de costumes por parlamentares com alta capacidade de tração entre os seguidores, Bolsonaro tem demandas para administrar com a pressão dos seguidores ideológicos desamparados sem Weintraub, que se acostumaram a atacar sem filtros.
A única plataforma na qual o presidente aumentou seu engajamento (8,17%) foi o Twitter, que desde o caso Queiroz tem apenas mensagens institucionais sobre os feitos do governo.
Quem aposta numa desidratação completa do presidente no universo digital precisa esperar um pouco mais para a consolidação ou não da atual tendência.
Ele ainda tem força junto aos seus aliados que sabem como trabalhar dentro do universo digital. É uma militância que nasceu conectada e está sendo treinada há vários anos.