Por João Rogério Alves Filho, em artigo enviado ao blog Nos últimos meses, vimos nos deparando com pedidos de ajuda do Governo Federal, planos de ajuda elaborados pelo governo aos demais entes federados, ajuda de cá, ajuda de lá.

Diante desse cenário, faz-se urgente revermos o papel e responsabilidades desempenhadas por cada uma das instâncias de nossa federação e, lembrando da máxima de que “palavra tem poder”, rever o quanto antes a correta aplicação dos verbetes a cada umas dessas responsabilidades.

O imaginário nacional ainda insiste em colocar à corte uma discricionariedade na participação sistêmica do funcionamento de nosso país, totalmente incompatível com o senso de unidade e ação que caracterizam boa parte das gestões federais nos países melhor estruturados política e federativamente.

Importante chamar à atenção nesse exigente momento que atravessamos que, ao contrário do que se imagina, não cabe ao Governo Federal ajudar quem quer que seja.

Cabe, em verdade, ao nosso governo central a implantação de medidas de âmbito nacional e coparticipação na mitigação dos efeitos dramáticos trazidos pela hecatombe que se abateu a partir do primeiro trimestre do corrente ano sobre todo o planeta.

A necessidade de melhor entendimento quanto ao papel e ferramentas disponíveis a cada um dos entes, Municípios, Estados e Federação, é passo fundamental no amadurecimento de nosso senso de nacionalidade e patriotismo.

Temos vivido nos últimos poucos meses um aprofundamento nessa visão distorcida sobre o cabimento de benevolência de nosso Governo Federal para com a criação de programas, destinação de verbas suplementares ou de elegibilidade sobre a necessidade ou não de diálogo ante demais esferas de nosso país.

O partidarismo e a ideologia político-doutrinária acirraram flagrante distorção no entendimento dos papéis de cada um, sendo tal antagonismo insuflado constantemente por uma escalada de polarização descabida e em flagrante retroalimentação do imaginário da legitimação da boa vontade do líder central em relação a suas lideranças locais.

Dessa forma, sem buscar soluções inovadoras, apenas colhendo os exemplos mundiais correntes, podemos afirmar que, sem a união nacional, muito dificilmente conseguiremos superar, com menores danos, os desafios econômicos e sociais apresentados para os próximos anos.

Por tudo isso, em nossa opinião, um importante passo seria o de largarmos o uso do verbete AJUDA, mudando-o por PARTICIPAÇÃO.

João Rogério Alves Filho é economista e sócio-diretor da PPK Consultoria