Por Manoel Fernandes, diretor BITES, em informe ao blog Em 19 de abril passado, perfis no Twitter de baixa relevância e simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro publicaram treze posts com a expressão Covidão.
Foi a primeira vez que a palavra-chave apareceu acima do patamar de uma dezena de tweets.
A conta euacreditoBR (1.248 seguidores) acusou os governadores de superfaturamento no uso das verbas públicas da Covid-19 e apontou que em breve eles entrariam na lista do Covidão.
Dois dias depois, em 21 de abril, outros 35.133 tweets trataram do mesmo tema, agora impulsionados a partir dos perfis de agentes políticos digitais como o ex-deputado Roberto Jeferson, o mais recente aliado de Bolsonaro.
Três posts na conta oficial no Twitter do ex-parlamentar (109 mil seguidores) atacando o governador Wilson Witzel e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, registraram 15 mil republicações em outros perfis.
A partir de então, a expressão saiu do radar dos bolsonaristas e média de citações diárias caiu para 2.250 posts, mas se manteve constante até a deflagração hoje da Operação Placebo no Rio de Janeiro.
Até às 20h de hoje, Covidão já havia aparecido em 36.289 tweets, superando a marca de 21 de abril.
Numa ação de ataque virtual contra os governadores, especialmente aqueles de oposição ao presidente da República, os bolsonaristas construíram nos últimos 30 dias a narrativa que algo de errado iria acontecer no uso das verbas públicas utilizadas no combate ao Covid-19.
Aposta no pior ou não, eles alcançaram o seu objetivo na criação de uma ação de constrangimento digital para os governadores.
Os efeitos dessa estratégia passaram a ser refletidos no Google Brasil em torno da expressão corrupção.
O nível de interesse no tema a partir das consultas, considerando 0 o menor interesse e 100 o maior, fugiu da média histórica dos últimos cinco anos no Brasil.
Nesse período, o interesse médio em corrupção no Google estava em 18 contra 72 dos últimos 30 dias.
Corrupção também passou a ser mais falada no Twitter.
Até dia 23 de abril, um dia antes da saída de Sérgio Moro, a média diária de posts em torno da palavra-chave girava em 30 mil tweets, considerando os últimos 12 meses.
A partir desse momento até às 20h de hoje, a taxa média subiu para 49 mil tweets por dia.
Além disso, os bolsonaristas promoveram associações de Covidão, que caminha para ser o substituto de expressões já conhecidas, como Mensalão e Petrolão, com os governadores Wilosn Witzel (46 mil tweets com seu nome e a expressão) e João Doria (28 mil posts).
Ainda no Google, Covidão já aparece em 42.800 arquivos indexados na versão brasileira do serviço.
Mensalão lidera na categoria com 1,8 milhão de arquivos e Petrolão com outros 320 mil.
O campeão é Lava Jato com 23,7 milhçoes de documentos ao alcance de quem pesquisa no Google.