Tem mais coisa aí Por Waldemar Borges, deputado Estadual - PSB Uma das passagens que me chamaram a atenção na tal reunião ministerial, além dos 30 palavrões e nenhuma menção à pandemia, foi quando o presidente cobrou dos ministros Fernando Azevedo e Silva e Moro que “por favor, assinem essa portaria hoje”.

Referia-se à portaria que eleva o limite para compra de munição de 200 cartuchos por ano para 550 por mês.

No dia 18 de abril já havia sido publicada uma outra, revogando as que tratavam de tornar mais rígido o controle no rastreamento das armas e munições que entram no país.

Por ser contra essa revogação, o general-de-Brigada Eugênio Pacelli, então diretor de Fiscalização de Produtos Controlados, área que tem como atribuição supervisionar a produção e comercialização de armas e munições, foi exonerado do cargo.

Essas duas medidas, não casualmente combinadas, só interessam a dois segmentos: ao crime organizado (em que se incluem os milicianos) - que bota armas e munições pra dentro do país (lembram dos 117 fuzis M-16 apreendidos na casa de um miliciano ligado à “turma”?); e aos fabricantes de munição.

Depois dessas medidas, fica claro que essa conversa de armar o cidadão para se defender do bandido é mais uma exploração grotesca que se faz de um sentimento real da população - no caso, o medo gerado pela violência urbana - para atender a outros interesses.

Quem está de fato sendo fortemente armado e municiado no Brasil são os bandidos.

E isso vai provocar um efeito exatamente contrário ao que clama, com razão, o cidadão amedrontado; só vai dar vantagem à gangue do “estado paralelo”.

Não sou dado a paranoias, nem a teorias conspiratórias, mas, depois de ouvir o que o presidente disse na reunião ministerial, temo que Bolsonaro queira armar as milícias para confrontar as instituições e o povo na rua.

Exatamente como faz um bocado de ditador mundo afora.

Deixo registrado meu respeito à atitude do general Pacelli, exonerado por reagir a esse absurdo.

Certamente ele percebeu que as ligações da família Bolsonaro com as milícias, vão muito além do que as transações do gabinete de 01 com Queiroz (cadê ele?) podem deixar transparecer.

Talvez a Polícia Federal já tenha encontrado o fio principal desse novelo.

E, talvez por isso, o presidente ande tão nervoso, querendo tanto intervir no órgão.

A ponto de abrir mão do Moro, grande fiador da “moralidade” do seu governo, mas, até recentemente, também conivente com essas medidas.

A respeito, a tal portaria foi assinada no dia seguinte ao da reunião.

Vamos ficar de olho.