Por Manoel Fernandes, diretor da BITES, em informe ao blog O Centrão é uma estrutura analógica dentro do ecossistema da nova política digital sob aceleração exponencial da pandemia do Coronavírus.

Entre os seus líderes não há influenciadores na Internet e o grupo opera na mesma frequência original quando surgiu em 1988 na Assembleia Nacional Constituinte.

Nunca foi necessário se comunicar em larga escala com a população para explicar as suas intenções políticas.

As suas principais lideranças – os deputados Marcos Pereira (Republicanos), Paulinho da Força (Solidariedade), Arthur Lira e Aguinaldo Ribeiro (PP), Wellington Roberto (PL) e o senador Ciro Nogueira (PP) – têm apenas 0,6% dos fãs e seguidores que acompanham os perfis oficias nas redes sociais dos parlamentares do Congresso Nacional. É um percentual que eles não demonstram querer modificar.

Mesmo agora embarcando no barco do presidente Jair Bolsonaro que poderia retribuir o apoio do bloco incentivando o aumento dos seguidores dos novos aliados.

Esse modelo operacional do Centrão funcionou até aqui e agora deve enfrentar o maior teste da sua história.

A jornada atual de adesão ao governo promete ser mais agitada.

Considerando as buscas nos últimos cinco anos no Google sobre o bloco e seus integrantes, o Centrão nunca chamou tanta atenção da opinião pública digital como agora, nem quando contribuiu de maneira definitiva para a aprovação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Até 12 de abril passado, o interesse médio pelo Centrão no Google estava em 4 na escala que vai de 0 a 100.

Desde 19 de abril, o novo patamar é uma taxa de interesse na casa de 83.

A última vez que o bloco havia atraído tanta audiência digital foi em 21 de maio do ano passado quando impediu a permanência do Coaf no Ministério da Justiça, derrotando o então ministro Sergio Moro.

Nesse dia, o centrão apareceu em 83 mil tweets e depois saiu do radar da opinião pública digital.

Desde então, os volumes de referências no Twitter ficaram abaixo de 6 mil tweets por dia e subiram para a média de 17 mil diários nas últimas semanas.

A diferença que se coloca agora é a existência de uma vigilância mais constante dos movimentos do Centrão por quem acompanha o que acontece em Brasília sem a capacidade desses deputados e senadores de reagirem a um ataque em larga escala da oposição, considerando que os bolsonaristas não devem recorrer aos seus recursos digitais para defende-los, especialmente nas eleições municipais.