Prestes a completar dois meses de isolamento social em razão da Covid-19, as indústrias de Pernambuco reclamam que vêm acumulando perdas no faturamento, deterioração dos postos de trabalho e redução do seu fluxo de caixa.

Pernambuco registra mais 83 mortes e 349 novos casos graves de coronavírus Um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE) aponta que 85,54% das indústrias locais registraram queda em seu faturamento, enquanto que quase 50% pretendem demitir em breve.

De acordo com a entidade, o cenário pode ficar ainda mais drástico nas próximas semanas com o reflexo do isolamento mais rígido, quando as empresas estarão com a produtividade em baixa e sem condições de escoar a sua produção.

A ameaça dos empresários é feita um dia depois de o presidente jair Bolsonaro ter pedido a Fiesp, em São Paulo, que pressionassem os governadores dos Estados pelo relaxamento do isolamento social.

Na visão do gerente de Relações Industriais da FIEPE, Maurício Laranjeira, desde que a crise se agravou, as empresas vêm buscando alternativas para sobreviver. “Ou seja, medidas como férias coletivas, redução de carga horária e suspensão de salário já foram tomadas.

Já que as soluções estão esgotadas, infelizmente, a alternativa será pela demissão para garantir o mínimo de sustentabilidade possível para os seus negócios”, afirmouu.

Na análise de Laranjeira, essa tese ganha sustentação quando o estudo da FIEPE é analisado. “Do total de empresas entrevistadas, 61,96% optaram por antecipar as férias dos seus colaboradores, sendo o setor da construção civil o que mais tem recorrido à alternativa (28,4%), seguido das indústrias de bebidas (17,4%).

Das que não precisaram tomar esta decisão, estão as indústrias de alimentos e as do setor químico - que, neste momento, são bastantes demandadas pelo mercado consumidor.

No ranking, elas aparecem no primeiro e no segundo lugar, com 18,8% e 10%.”, avalia.

Quando o quadro de funcionários é reduzido, naturalmente, a produtividade das empresas diminui, freando assim o faturamento das indústrias. “O que vemos, da última pesquisa para esta, é que o faturamento das empresas continuam caindo e isso se deve ao fato de que muitas optaram por segurar os seus colaboradores na expectativa de que o cenário melhorasse no médio prazo, coisa que não aconteceu”, disse.

Segundo a pesquisa, além dos 85,54% dos entrevistados que informaram ter queda no faturamento, 54,05% indicaram que a retração foi acima de 50%.

Nesta situação, está a construção civil, que liderou o ranking, com 25,2%, seguido da indústria de bebidas e da indústria têxtil, que marcaram 15% e 11%, respectivamente.

De acordo com a entidade, diante desse cenário, que vem se afunilando dia após dia, os empregos estão cada vez mais ameaçados dentro das empresas pernambucanas. “Os percentuais das que pretendem demitir e das que desejam manter o seu quadro de funcionário estão cada vez mais próximos, registrando 47,23% e 52,7%, respectivamente”.

Dos segmentos que ainda pretendem realizar demissões, construção civil segue na ponta, com 25,2%.

Já as indústrias de bebidas e têxtil aparecem com 17,1% e 9,9%, nesta ordem.

Segundo a Fiepe, 39,6% das empresas que pretendem demitir são de médio porte, frente as de pequeno porte, com 32,4%.

As empresas de micro e grande porte também apresentam percentuais significativos das que pretendem realizar desligamentos, com 17,1% e 10,8% (nesta ordem).

Outro ponto abordado no estudo foi a Medida Provisória 936/20 – que flexibiliza os contratos de trabalho em tempos de pandemia.

De acordo com o levantamento, 56,60% das empresas não fizeram negociação de redução de jornada e pouco mais de 60% das indústrias também responderam que não sentiram a necessidade de suspender os contratos de trabalho dos seus funcionários.

Com essa decisão, a tentativa de equilibrar a folha de pagamento e as receitas ficou cada vez mais difícil, explicando assim o comprometimento e as reduções desenfreadas nos seus faturamentos.

Para a pesquisa, a FIEPE coletou o material entre os dias 8 e 13 de maio, que contou com a colaboração de 235 respondentes ISOLAMENTO MAIS RÍGIDO Lamentando o momento em que a indústria está vivendo, o presidente do Sistema FIEPE, Ricardo Essinger, disse que teme que o cenário fique ainda pior nos próximos dias. “Esse sentimento tem a ver com o isolamento mais rígido que começará a vigorar em breve.

Embora importante para não alastrar a doença, o isolamento mais rígido anunciado esta semana impõe um modelo de logística que não estamos preparados para absorver neste momento de crise”.

A ponderação de Essinger está associada ao rodízio de veículos das frotas das indústrias, que, embora livre o transporte de bens essenciais, penaliza, por outro lado, atividades que dependam da importação de matérias-primas, por exemplo, impactando, mais uma vez, a recuperação do setor industrial.

Pernambuco registra mais 83 mortes e 349 novos casos graves de coronavírus A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou, nesta sexta-feira (15/05), 621 novos casos*de Covid-19 em Pernambuco.

Entre os confirmados hoje, 349 se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) e 272 são casos leves.

Agora, Pernambuco totaliza 16.209 casos já confirmados, sendo 8.554 graves e 7.655 leves.

Também foram confirmados laboratorialmente 83 óbitos.

Com isso, o Estado totaliza 1.381 mortes pela Covid- 19.

Os detalhes epidemiológicos serão repassados ao longo do dia pela Secretaria Estadual de Saúde.