A pandemia de coronavírus atingiu as empresas industriais e trouxe dificuldades diversas para atravessarem este período de crise.

Sete em cada dez empresas industriais citam a queda no faturamento entre os cinco principais impactos da covid-19, de acordo com a Sondagem Especial: Impacto da Covid-19 na Indústria, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A inadimplência e o cancelamento de pedidos foram apontados por 45% e 44% dos entrevistados respectivamente.

O segundo maior impacto da crise no dia-a-dia das empresas foi a queda na produção.

Das 1.740 empresas pesquisadas, entre 1º e 14 de abril, 76% relataram que reduziram ou paralisaram a produção.

De acordo com os dados, 59% dos empresários estão com dificuldades para cumprir com os pagamentos correntes e 55% relataram que o acesso a capital de giro ficou mais difícil.

Entre as medidas tomadas em relação à mão de obra, 15% das empresas demitiram. “A pesquisa sinaliza como a indústria estará pós-pandemia.

Nós já imaginávamos que o setor industrial sofreria bastante, pois já estava debilitado e iniciando sua recuperação, quando fomos pegos de surpresa por essa crise.

Apesar disso, há um grande esforço para se manter os empregos, o que é muito importante, principalmente diante dessa nova realidade”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. “Mas o principal problema das empresas é o acesso ao crédito, os recursos não estão chegando na ponta.” No total, 91% das indústrias brasileiras relataram impactos negativos até abril.

Apenas 6% dos empresários responderam que a empresa não foi impactada e para outros 3% o impacto foi positivo.

Entre os mais afetados, 26% dos empresários avaliam que o efeito da pandemia foi muito negativo, apontando três de intensidade em uma escala de 1 a 3.

Três em cada quatro empresas industriais tiveram queda no consumo final Entre as empresas industriais consultadas, 76% reduziram ou mesmo paralisaram a produção.

Outras 45%, apesar de continuarem em operação, registraram queda ou queda intensa na produção.

Apenas 4% dos empresários relataram aumento ou aumento intenso da produção.

Quando questionados sobre como a demanda pelos produtos e serviços de suas empresas foi afetada pela pandemia do novo coronavírus, 38% afirmaram que houve queda intensa e outros 38% reportaram queda.

Ao todo, três em cada quatro empresas industriais apontam queda da demanda.

Os setores que mais reportaram queda intensa da demanda foram os de vestuário (82%); calçados (79%); móveis (76%); impressão e reprodução (65%); e têxteis (60%).

Capital de giro e acesso ao crédito está mais difícil para 55% das indústrias A redução na receita e a manutenção de despesas correntes fizeram com que seis em cada dez empresas industriais relatassem dificuldades para honrar pagamentos de rotina.

Para 55% das empresas industriais, a pandemia do coronavírus tornou o acesso a capital de giro mais difícil ou muito mais difícil.

Essa percepção é menor entre as empresas da indústria extrativa, sendo que, nesse grupo, 41% indicaram maior dificuldade.

A crise agravou ainda mais a dificuldade que as pequenas empresas já tinham para acesso ao crédito antes da crise.

Entre as empresas industriais, 59% consideram que a disponibilidade financeira para lidar com pagamentos de rotina – como tributos, fornecedores, salários, energia elétrica, aluguel – está difícil ou muito difícil. 77% afirmam ter dificuldades para obter insumos ou matérias primas A crise desorganizou a estrutura logística e dificultou o acesso a insumos ou matérias primas necessários à produção.

Pelo lado da oferta, 76% das empresas têm enfrentado dificuldades na logística de transporte de seus produtos ou insumos devido à pandemia.

Ainda, entre as empresas industriais, 77% afirmam ter encontrado dificuldades para obter insumos ou matérias primas necessários para desenvolver sua atividade.

As dificuldades logísticas decorrentes da crise aparecem nos 21% que citam a falta de insumos e matérias primas entre os cinco principais impactos, e nos 20% que citam a dificuldade de transportar ou escoar a produção, os insumos e as matérias primas.

Quase todas as empresas adotaram medidas em relação aos empregados Quase a totalidade das empresas (95%) adotaram medidas em relação aos seus colaboradores em resposta à crise.

As medidas mais adotadas foram o afastamento de empregados do grupo de risco e a promoção de campanhas de informação e prevenção, com medidas extras de higiene na empresa, ambas adotadas por 65% das empresas industriais.

Também se destacam entre as medidas o trabalho domiciliar (home office), adotado por 61% das empresas, a concessão de férias para parte dos empregados, adotada por 50%, e o afastamento de empregados com sintomas, adotado por 49% das empresas.

Indústria de transformação perde mais receita dos que os demais segmentos A indústria de transformação é o segmento industrial que mais está sofrendo com a perda de receita.

Enquanto 71% das empresas da indústria de transformação citaram entre os cinco principais impactos da crise a queda no faturamento, o percentual é de 67% na indústria da construção e cai para 51% na indústria extrativa.

O segmento também tem sentido mais as dificuldades logísticas para escoar sua produção e obter seus insumos produtivos.