O senador Jarbas Vasconcelos, do MDB, mesmo sem citar a palavra lockdown, bloqueio total ou quarentena, como aconteceu em Noronha, defendeu neste domingo o endurecimento das medidas de combate ao coronavírus considerando o patamar atual do isolamento social em Pernambuco.
O governador Paulo Câmara volta a se reunir nesta segunda com líderes de outros poderes para avaliar a adoção de novas medidas de restrição.
O chefe do Executivo não vê viabilidade em adotar o bloqueio total em Pernambuco. “Mesmo compreendendo o custo de se tomar uma decisão mais radical de distanciamento e isolamento social, sobretudo considerando as repercussões sócio-econômicas já em curso, é preciso avançar em algumas medidas mais rígidas.
Sei que não é fácil, mas o nível de contágio impõe tal medida.
Precisamos ter leitos disponíveis para abrigar as vítimas do coronavírus e profissionais de saúde para assisti-los.
Estamos claramente em um contágio acelerado e pelo volume, praticamente estamos as portas de um intervalo de pico, que pode sufocar de vez todo o sistema de saúde”, afirmou o senador. “Se faz necessário um protocolo de ações para que se evite as aglomerações que estão ocorrendo sem controle, em bairros da cidade e áreas da região metropolitana.
Essas ações devem levar em um braço medidas de coação e em outro suporte social, como cestas básicas para suprir o mínimo, a exemplo de alimentação para as pessoas sem trabalho e renda.
Existe inteligência e tecnologia disponível para identificar esses locais.
Quem dúvida dessa necessidade, é porque não avaliou a dor de perder alguém próximo com essa e outras doenças”.
O senador Humberto Costa também comentou a doença e a crise política, neste final de semana.
As declarações foram dada em debate com os ex-ministros Henrique Mandetta e Osmar Terra na noite desse sábado (9), dia que o país chegou à triste marca de 10 mil mortos por coronavírus.
O parlamentar questionou a posição daqueles que seguem acreditando que a epidemia de Covid-19 é igual às anteriores, como defende o ex-ministro da Cidadania de Bolsonaro Osmar Terra, e reforçou a importância do enfrentamento à doença. “Estamos diante de um vírus que faz uma pessoa entrar no hospital conversando no celular como se estivesse bem, mas com oxigenação muito baixa, perceptível apenas pelo exame que mede o nível no corpo.
Minutos depois, essa pessoa já está precisando de um respirador”, observou. “A pressão que parte da população faz para voltar a ter uma vida normal é resultado direto do descaso e da incompetência do governo Bolsonaro.
A gestão do presidente que nega a ciência, sai às ruas todos os dias e cobra o fim da quarentena não consegue disponibilizar os meios para que os brasileiros consigam seguir em isolamento”. “O governo não disponibiliza o dinheiro necessário às empresas pequenas, médias e grandes, os recursos prometidos a estados e municípios e também não consegue efetuar com sucesso o pagamento dos R$ 600 do auxílio emergencial, fazendo milhões de brasileiros enfrentarem frio, sol e chuva para sacar a quantia no banco.
Todas essas medidas já foram aprovadas pelo Congresso Nacional, que vem fazendo a sua parte.
O grande problema da pandemia no Brasil é que temos que enfrentar dois adversários: o vírus em si o presidente da República, que nega a doença e estimula o povo a sair de casa.
A quebra do isolamento social é estimulada por Bolsonaro desde o começo da crise”, disse. “Bolsonaro nunca se empenhou em favor da ciência e da tecnologia.
Muito pelo contrário.
Vimos várias provas de como ele se empenhou em questionar os cientistas e professores de universidades brasileiras.
O presidente não tem qualquer apreço pela questão.
Se tivéssemos investidos mais, não há dúvida de que o cenário hoje seria diferente", comentou. “A gestão omissa e ineficiente de Nelson Teich à frente do Ministério da Saúde.
Em plena pandemia, o ministro não tem qualquer conhecimento do funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e promete medidas, como a compra de milhões de testes, por exemplo, sem sequer saber como o material irá chegar e como será disponibilizado na ponta do sistema”. “O Brasil já é o sexto no mundo em número de mortos e seguimos sendo um dos últimos na quantidade de testagens.
A saúde não é um custo para a sociedade.
Ela é um investimento.
O SUS está salvando a vida de brasileiros, mesmo tendo perdido cerca de R$ 22 bilhões nos últimos três anos.
Vencida a pandemia, creio que o país terá de ter uma visão diferente sobre saúde pública.
Definitivamente, ela terá de ser prioridade”, afirmou.