Por Renan Santos, do MBL Nacional Traidor da Constituição é traidor da pátria.

Temos ódio e nojo à ditadura!

Ulysses Guimarães, 1988, Assembléia Constituinte Jair Bolsonaro é cria da ditadura.

Mais: é cria de sua ala mais nefasta, que isolada por Geisel e Figueiredo, tornou-se clube de rancores dos velhos tempos de AI-5.

São homens que não buscam conciliação, mas sim vingança; Bolsonaro, como eles, está aqui para abrir feridas.

Sei que isso parece contraditório com suas motivações mundanas — enriquecimento ilícito em gabinetes, corporativismo militar, etc —, mas Jair é exatamente este homem: aquele que caminha entre a mamata e a bravata.

Serve-se da Democracia para viver na Barra da Tijuca, mas procura meios para desová-la em outro balneário — a boa e velha “ponta da praia”.

Eis o malandro autoritário, tipo raro das plagas tropicais.

Quem pode fazer frente aos seus arroubos?

De semana, Bolsonaro compra o parlamento; de domingo tenta fechá-lo.

Na lógica dissonante — estratégia de Pai Olavo —, carrega o país para o buraco.

Tocando o estratagema, torna pior nossa democracia, joga os poderes ao chão. É o caso único do bandido que compra político e grita “pega ladrão”.

Parte da população cai — faz parte do jogo — e o achacador, espertamente, se faz de vítima.

Maia e Alcolumbre soltaram mais uma nota — seria a oitava? — lamentando a “retórica” do presidente.

De que diabos isso serve?

Bolsonaro avança pois quem ataca não tem brios para reagir.

Notas de repúdio se acumulam sobre sua mesa; não será isso a fazê-lo parar.

Um presidente da Câmara com os brios de Ulysses — que nomeia, curiosamente, o plenário da casa — já teria articulado a sociedade civil contra Bolsonaro.

Teria trazido para si o comando do debate, integrando forças difusas que vão de lideranças religiosas a entes federativos, de movimentos políticos a entidades representativas.

Formaria uma coalizão em defesa da democracia, promoveria CPI’s, pararia a pauta do governo.

Seria presidente da Câmara — papel mais representativo que o de presidente da República.

Haveria coletiva de imprensa, ato simbólico e discursos memoráveis.

Haveria alto clero — e gente de bem comprometida com a democracia.

Haveria o bom combate — que se fez presente nos momentos mais negros.

Precisamos disso tudo, urgentemente!

Democracia, pra existir, demanda democratas.

A imposição de um novo regime moral no parlamento restitui à democracia representativa seu verdadeiro significado.

O termo, hoje, é adulterado pelo bolsonarismo, que faz o povo crer que os 57 milhões de votos de Jair lhe outorgam o poder supremo da República — falácia ou malandragem que mantém sua militância de pé.

Isso tem que parar.

Democracia, como conhecemos, pressupõe minoria, oposição, parlamento.

Pressupõe brecar os arroubos da maioria — especialmente quando estas jogam contra a própria ideia de democracia.

Já vimos isso na Venezuela.

Não permitiremos o mesmo no Brasil.

Teremos, ao fim deste ano, a eleição de um novo presidente da Câmara.

Que o povo brasileiro fique atento para esta disputa, e que escolha um nome — uma coalizão — inspirados no exemplo do Doutor Ulysses. É hora de responder em alto nível os ataques de Bolsonaro.

Um parlamento sério é o melhor remédio contra caudilhos — mesmo este, que de tão tosco, chega a soar inofensivo.

Não é.

Nunca é.