BRASÍLIA - O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta segunda-feira ampliar a proposta do governo federal de socorro a estados e municípios, caso o Congresso aprove o congelamento de servidores públicos por dois anos.
A contrapartida seria uma forma de mitigar o impacto fiscal das medidas para combater a crise do coronavírus.
Servidores da Receita chamam Paulo Guedes de covarde. ‘Taxa grandes fortunas e lucros.
Não corte salário dos funcionários’ — Uma coisa é uma promoção (de servidor).
Outra coisa é um aumento generalizado de salários.
Essa é a contrapartida que acho que o Senado compreende, tem a sensibilidade que de certa forma nos permite seguir adiante até com um pouco mais de recursos para combater a saúde.
Porque não é só a saúde.
Embora a gente queira evitar claramente qualquer problema de gastos excessivos em ano eleitoral, por outro lado a gente sabe que o transporte público não pode parar.
Se uma pessoa estiver doente, os ônibus têm que estar circulando — disse Guedes, durante conversa com investidores transmitida ao vivo.
A oferta de Guedes ocorre uma semana após a Câmara dos Deputados que prevê que a União compense por seis meses perdas na arrecadação de ICMS (nos estados) e de ISS (nos municípios).
Para a equipe econômica, a ideia é um risco fiscal, por ser um cheque em branco aos governos locais.
A medida aprovada na Câmara prevê um impacto fiscal de R$ 89,6 bilhões, caso as perdas de receita de estados e municípios sejam, em média, de 30%.
Como contraproposta, o governo sugeriu um pacote de R$ 77,4 bilhões, incluindo R$ 40 bilhões em repasses diretos. É esse valor que o ministro diz que pode ampliar, caso consiga passar no Legislativo a proposta de congelamento de salários.
O governo federal negocia com o Senado a aprovação do projeto alternativo.
Socorro pode virar ‘farra eleitoral’ Segundo Guedes, a proposta alternativa foi apresentada na Câmara após o governo ter oferecido um pacote de repasses que chegava a mais de R$ 88 bilhões e que teria sido considerado suficiente pelos gestores locais. — Os governadores saíram felizes.
Aí voltam duas semanas depois pedindo algo que o Mansueto calculou em R$ 220 bilhões.
Inaceitável.
Transformar uma crise de saúde numa farra eleitoral. É não-republicano.
Não pode ser assim.
Nós não vamos comprometer o futuro do Brasil, as gerações futuras, transformando uma crise de saúde gravíssima numa crise fiscal sem precedentes numa explosão dos orçamentos da República — criticou Guedes.
Mais cedo, na mesma entrevista, Guedes já havia defendido o congelamento de salários. — O salário do funcionalismo cresceu 50% acima da inflação por anos seguidos.
Será que o funcionalismo podia dar uma contribuição?
Será que podia ficar esse ano e o ano que vem inteiro sem aumento de salários?
Será que isso poderiam contribuir com o Brasil? — afirmou o ministro.
Segundo o ministro, a suspensão de reajustes é necessária para conter o que considera ser a terceira torre de despesa, depois de juros e gastos com Previdência Social.
Ele afirmou que a proposta não prevê cortes nos vencimentos, nem mesmo com redução proporcional da jornada, para não reduzir o poder de compra no país. — São as três despesas incontroláveis.
Falta a terceira, que é o funcionalismo público.
Não pode agora continuar subindo assim.
Não pode subir descontroladamente.
Está na hora de dar uma contribuição.
Não vamos tirar o poder de compra de ninguém.
Mas vamos fazer um favor para os brasileiros: vamos ficar sem pedir aumento por dois anos?
Será que podemos pedir isso? — pontuou Guedes.