Carlos Siqueira Presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB A democracia brasileira foi afrontada mais uma vez pelo presidente da República, que participou de manifestação em que se propunham iniciativas como o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), a intervenção militar e a decretação de norma semelhante ao Ato Institucional Nº 5.

A simples presença do presidente em evento desta espécie é um insulto à ordem democrática, atendendo apenas e tão somente às suas estratégias e interesses políticos.

Dentro deste contexto é muito bem vinda manifestação do general Santos Cruz, que declara em seu perfil no Twitter que o Exército brasileiro é “instituição de Estado e não de governo”, perfilando-o nesses termos à defesa da democracia.

O general observa, ainda, que a democracia exige “disputas civilizadas, equilíbrio de Poderes e aperfeiçoamento das instituições”.

Esperamos nós todos, que temos na democracia uma garantia civilizacional, que outros membros do Exército brasileiro tenham a mesma postura que o general Santos Cruz.

Afinal de contas, não se deve permitir que as Forças Armadas, alicerce da vida democrática, sejam envolvidas com iniciativas flagrantemente político-ideológicas, que não representam em absoluto o pensamento majoritário do povo brasileiro.

Senadores reagem A presença do presidente Jair Bolsonaro em um ato que defendia a intervenção militar provocou a reação imediata dos senadores.

Na manifestação ocorrida no domingo (20), em Brasília, em frente ao Quartel-General do Exército, um grupo de pessoas também pediu o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seguida, parlamentares foram a suas redes sociais para lamentar o episódio.

Para o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), é natural que o ex-militar Jair Bolsonaro fosse ao Quartel-General na data em que é comemorado o Dia do Exército.

No entanto, não é natural que grupos minoritários sejam protagonistas na defesa de uma agenda antidemocrática, avaliou o senador.

O parlamentar disse ainda que o maior patrimônio do povo é a liberdade, que tem como fiadora a democracia. “Entendo que o presidente, pressionado, busque o apoio dos grupos fiéis ao seu governo.

Mas deve buscar, acima de tudo, a união entre todos os brasileiros, e não alimentar a imagem de que flerta com a agenda de atrasos institucionais, como prega uma minoria”, acrescentou.

O senador Plínio Valério (PSDB-AM), por sua vez, disse que é triste ver manifestações a favor do regime militar.

Segundo ele, trata-se de uma minoria que não representa nem de longe o que na verdade pensam os brasileiros. “E mais: se consulta houvesse, a grande maioria dos militares diria que não quer isso.

Há uma consciência saudável nas casernas sobre qual é a verdadeira missão das Forças Armadas, que, diga-se de passagem, elas cumprem com muita honra e dignidade”, disse.

Defesa O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, viu de outra forma.

Ele lembrou que a manifestação de domingo, em Brasília, foi contra o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia: “Impressionante a canalhada querendo desqualificar manifestações a favor de Bolsonaro e contra arroubos de Rodrigo Maia como se fossem atos pelo AI-5 ou contra o Congresso Nacional.

Democracia pulsando forte; o povo mandou seu recado hoje”, publicou no Twitter.

A mensagem de Flávio foi republicada horas depois pelo senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), também representante do Rio de Janeiro.