Por Mendonça Filho, ex-ministro da Educação A crise do coronavírus vem atingindo o mundo de maneira arrasadora na saúde e na economia.

Na Educação o impacto é extremamente significativo.

No mundo inteiro, cerca de 1,5 bilhão de estudantes estão fora das escolas por causa de quarentenas.

No Brasil, são cerca de 47 milhões de estudantes sem aula presencial na Educação básica e em torno de 6 milhões no ensino superior.

Isso é muito grave e deve afetar o aprendizado a curto, médio e longo prazo.

A Educação no nosso país já sofre de problemas graves estruturais e esse processo pode acentuar ainda mais as desigualdades no nosso sistema educacional.

O isolamento social, necessário para controlar a contaminação do coronavírus, afeta profundamente o nosso sistema educacional.

Estudantes que dispõem de mais recursos e acesso a boas conexões de internet e de escolas com mais recursos educacionais, podem se adaptar mais facilmente a um período de aulas a distância.

Já grande parte dos alunos das redes públicas possuem menos condições de se adaptar a um sistema de ensino a distância.

Além da falta de aparelhos e conexão com a internet, os pais desses jovens frequentemente não possuem o tempo disponível para supervisionar a educação dos filhos e filhas.

Os impactos da pandemia da Covid_19 na Educação são enormes e afetam diversos países no mundo.

Até agora, não tem soluções fáceis e nem fórmula pronta.

Ainda temos mais perguntas do que respostas.

Qual o impacto desse isolamento agora e no futuro próximo da educação das nossas crianças e jovens?

O ensino remoto vai contribuir para não comprometer o ano letivo para milhares alunos?

Ou vai acentuar ainda mais as desigualdades?

E o que o poder público, seja ele municipal, estadual, ou federal pode fazer para evitar maiores perdas a essa parcela da população quando as aulas presenciais retornarem?

São questões imediatas que se somam a problemas estruturais do nosso sistema educacional.

O coronavírus ao mesmo tempo que cria barreiras significativas ao ensino e à capacidade dos alunos e alunas de irem às escolas, também nos dá uma oportunidade de pensar em maneiras para inovar em nossas políticas educacionais.

Esse é um debate complexo, envolve diversas variáveis e está mobilizando educadores no Brasil e no mundo.

Os efeitos do coronavírus no sistema educacional, como em todo período de crise, podem provocar soluções inovadoras, práticas novas e uma maior integração de tecnologias de ponta na educação no Brasil.

Nós, como sociedade, precisamos buscar soluções para resolver os problemas causados pela desigualdade no acesso e na qualidade da educação.

Caso contrário, estaremos condenando gerações futuras a seguirem convivendo com os níveis inaceitáveis de desigualdade que vemos hoje em dia.

Os governos precisam continuar investindo, em parceria com instituições da sociedade civil, para melhorar e expandir a infraestrutura de acesso à internet para todos.

Na nossa gestão no MEC, lançamos a maior ação de conectividade da rede de ensino brasileira nas últimas duas décadas.

Por meio do programa Educação Conectada ampliamos a rede terrestre de banda larga, os serviços de conectividade e infraestrutura de wi-fi, integrando essa infraestrutura com escola e universidades, ofertando recursos didáticos digitais e formação de professores e gestores para uso pedagógico com tecnologia.

Nesse momento de pandemia, um bom exemplo vem de São Paulo, onde o governo estadual oferece aos alunos da rede estadual acesso gratuito, por meio de um aplicativo do governo, material didático, videoaulas e lições para substituir as aulas neste momento de quarentena.

Os professores também precisam estar familiarizados e capacitados para executar suas aulas e orientações via plataformas digitais.

Investir na relação família-escola é outro ponto vital, pois educação é um processo contínuo e que não se limita aos muros das escolas. É preciso aproximar as famílias da educação de seus filhos e filhas.

O momento atual está sendo difícil para todos.

Ainda temos um longo caminho pela frente.

Precisamos seguir juntos dialogando e trabalhando para construir o futuro da nossa cidade, do nosso estado e do nosso país.