Agência do Rádio Mais - Quatro em cada 10 indústrias do país (41%) interromperam a produção por conta da crise causada pela pandemia de covid-19.
A maioria delas (79%) também percebeu queda no número de pedidos, segundo dados de uma sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 734 empreendimentos de pequeno, médio e grande porte em todo o país, entre os dias 26 e 27 de março.
Dificuldades essas enfrentadas pelo empresário Mário Guimarães, dono de uma fábrica de peças de vestuário, como calças jeans e casacos, em Curitiba.
A Spaço Vagun, no mercado há mais de duas décadas, produz cerca de 25 mil unidades por mês e emprega 130 funcionários direta ou indiretamente.
Seguindo recomendações das autoridades de saúde e decretos estaduais, está de portas fechadas desde março. “Nós estamos com a nossa fábrica totalmente parada.
Veio a ordem para encerrar as produções das nossas lojas.
Nós temos duas lojas grandes para pronta entrega e tivemos que fechar por causa de venda.
De repente veio essa pandemia e travou tudo”, lamenta Guimarães.
A decisão da empresa foi dar férias coletivas a todos os empregados, medida adotada por 19% das indústrias brasileiras neste momento de crise, de acordo com o levantamento da CNI.
Com isso, 40 mil peças prontas que seriam comercializadas durante o inverno, período de maior procura, estão paradas no estoque.
Além disso, Mário Guimarães aponta que muitos clientes têm procurado a empresa para devolver mercadorias, já que a Spaço Vagun também revende sua produção para comércios da região metropolitana de Curitiba.
Com fábrica fechada, depósito cheio e sem compradores, manter as contas em dia é a principal preocupação do empresário – cenário que se repete em 73% das indústrias consultadas pela CNI. “Muitos clientes querem devolver as mercadorias.
Isso vai dar um baque muito grande no caixa da empresa.
No momento, nós estamos pensando em preservar o nosso quadro de pessoal”, garante ele.
A situação, segundo o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, é grave e requer que o governo federal e as entidades ligadas ao setor se unam para reduzir os impactos econômicos nesses negócios. “O mais importante é salvar vidas.
Ao mesmo tempo, a indústria tem que se ajustar a essas novas circunstâncias.
Então, a CNI tem feito um conjunto de propostas para diferimento (adiamento) e parcelamento de dívidas fiscais e tributárias para dar maior oxigênio às empresas”, pontua Lucchesi.
O adiamento temporário de pagamento de impostos (diferimento), a que se referiu Lucchesi, foi uma das medidas acatadas pela área econômica do Planalto.
A ideia é aliviar o caixa das empresas e, com isso, evitar demissões em massa.
Essa providência emergencial está prevista na MP 927/2020, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, e posterga o recolhimento do FGTS, pelos empregadores, dos meses de março, abril e maio, sem incidência de atualizações, multas e outros encargos.